Em declarações ao tabloide britânico Daily Mail, publicadas na edição de hoje, o ministro refere que o tipo de associação proposto pela chefe do Governo pode limitar opções de negociação sobre outros acordos comerciais e cria “uma nova rede de burocracia” após a saída do Reino Unido da União Europeia, em 2019.

“Se existir um novo acordo alfandegário passa-se a ter um sistema que é uma loucura porque acabamos a coletar taxas em nome da União Europeia nas fronteiras do Reino Unido”, disse Johnson ao diário britânico durante a deslocação aos Estados Unidos.

De acordo com notícias publicadas nos últimos dias, Theresa May e o ministro britânico da Economia, Philip Hammond, são favoráveis a um novo acordo alfandegário que permitiria ao Reino Unido cobrar taxas nos portos e nos aeroportos em nome da União Europeia acabando por transferir uma parte do dinheiro para Bruxelas.

Esta proposta permitiria abordar o problema da fronteira irlandesa, entre a província britânica da Irlanda do Norte e a República da Irlanda.

Nas declarações ao Daily Mail o chefe da diplomacia britânica acrescentou que a proposta sobre um eventual novo acordo “não prevê recuperar o controlo da política alfandegária” e o controlo da legislação.

Para Johnson a proposta não considera igualmente a recuperação do controlo fronteiriço e o controlo sobre o dinheiro.

Os deputados que apoiam o afastamento total do Reino Unido da União Europeia exigiram na semana passada que Theresa May abandone a proposta de “associação alfandegária com o bloco europeu”.

A questão está a provocar divisões no Partido Conservador de Theresa May, entre os partidários da separação — sem acesso ao mercado único e afastados da união alfandegária — e aqueles que preferem manter algum vínculo com a União Europeia.

Todos os membros da União Europeia fazem parte da união alfandegária – isentando as taxas sobre mercadorias entre os 28 países-, mas que impõe uma tarifa comum sobre os produtos que entram na União Europeia provenientes de países que não fazem parte do bloco europeu.

Os conservadores britânicos que mais defendem o Brexit acreditam que o modelo de acordo alfandegário teria custos e seria complexo de pôr em prática fazendo com que o Reino Unido ficasse indefinidamente refém das regras alfandegárias da União Europeia.

A segunda fase das negociações entre Londres e Bruxelas estão centradas no período de transição — que vai prolongar-se entre março de 2019 e dezembro de 2020 — e no futuro das relações comerciais assim como sobre as questões relacionadas com a segurança entre o Reino Unido e a União Europeia.

O problema da fronteira irlandesa é um dos temas principais porque os políticos do Partido Democrático Unionista da província da Irlanda do Norte (pró-britânico) opõem-se a que a fronteira aduaneira entre o Reino Unido e a União Europeia seja o mar que separa Grã-Bretanha e a Irlanda.

Theresa May depende dos dez deputados do Partido Democrático Unionista para governar, depois de ter perdido a maioria absoluta nas eleições gerais realizadas em 2017.