Falando na abertura da conferência “Fiscalidade no OE2023” promovida pelo Global Media Group, João Manso Neto começou por referir não saber bem “quem em Portugal tem lucros excessivos”.

“Lucros excessivos? Na eletricidade não vejo onde estão. Nas renováveis não estão de certeza”, disse o gestor, para referir que a questão da tributação dos lucros excessivos lhe parece “disparatada”. Manso Neto questionou ainda em relação às petrolíferas — setor que reconhece conhecer menos bem — o que se faz quando as margens de refinação descem: “Também pagam?”.

O gestor referiu ainda que o setor energético já está sujeito a uma contribuição extraordinária, criada durante o período da troika, considerando que devia acabar pois “é o imposto mais estúpido que há, porque quanto mais se investe mais se paga”.

Falando num painel que tinha por tema geral “O choque fiscal é fundamental. Como pode a abordagem aos impostos no OE2023 ajudar famílias e empresas”, João Manso Neto manifestou-se ainda contra políticas que considerem a atribuição de mais subsídios.

“Concordo com o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais [que fez a intervenção na abertura desta conferência] quando diz que a transição energética é essencial”, mas “não concordo quando se diz que são necessários mais subsídios. Não é esse o ponto”, afirmou o CEO da Greenvolt.

João Manso Neto disse ainda que neste momento o “PRR [Programa de Recuperação e Resiliência] está a ter um efeito perverso porque há investimentos que se fazem, que se pagam e que não estão a ser feitos porque estão à espera do PRR”.

O gestor referiu ainda que se, por um lado, se pode considerar que a burocracia do Estado atrasa alguns investimentos, também há culpas do lado das empresas porque “não investem”.

João Manso Neto admitiu também que haja apoios a algumas empresas e famílias, mas “sem exagerar”.