O grupo norte-americano de vinhos, cervejas e outras bebidas alcoólicas vai investir 4 mil milhões de dólares na Canopy Growth, uma empresa criada em 2013 em Ottawa, e elevar para 38% a sua participação.

Fabricante das cervejas Corona e Modelo, do vinho Roberto Mondavi e da vodca Svedka, a Constellation Brands já tinha comprado em outubro do ano passado 9,9% do capital da empresa canadiana. Agora, poderá tornar-se sócia maioritária se nos próximos três anos exercer o direito de adquirir instrumentos financeiros negociados com Canopy.

“Desde o ano passado, começámos a entender um pouco melhor o mercado de canábis e a oportunidade de crescimento que tem”, disse Rob Sands, CEO da Constellation. O mercado pareceu dar as boas-vindas ao negócio e as ações da Canopy registaram altas expressivas em bolsa.

Esta diversificação da Constellation Brands acontece no momento em que um estudo da Universidade da Georgia, nos EUA, mostra que o consumo de álcool caiu 20% nos estados em que a canábis foi legalizada.

O governo do Canadá estima, por exemplo, que 4,6 milhões de habitantes do país consomem 665 toneladas anuais de canábis e gastam entre 2,75 milhões e 4 milhões de euros no produto.

Os gastos mundiais com canábis devem triplicar nos próximos anos para chegar a 32 mil milhões de dólares em 2022, segundo consultoras económicas especializadas.

A Constellation Brands, assim como outras cervejarias, aposta que a canábis será legalizada nos próximos anos em todo o território dos Estados Unidos e no mundo quase todo.

“Este investimento, o maior até hoje no setor da canábis, dá à Canopy Growth os recursos necessários para criar e adquirir os ativos estratégicos necessários para ter uma importante presença em aproximadamente 30 países que autorizam o uso terapêutico da canábis e posicionar-se nos mercados que autorizem o uso recreativo”, afirmou o grupo norte-americano.

As leis federais dos Estados Unidos proíbem, até o momento, a venda e o uso de canábis. O seu consumo recreativo foi, contudo, autorizado em oito estados e em Washington DC. Em 1 de janeiro deste ano, a Califórnia tornou-se o maior mercado legal do mundo. Nos EUA, 29 dos 50 estados permitem o uso da canábis em tratamentos médicos.

No dia 17 de outubro, o Canadá tornar-se-á no primeiro dos países do G7, que agrupa as maiores economias mundiais, a legalizar o consumo recreativo. O mercado de produtos elaborados à base de canábis, será permitido a partir de 2019.

As cervejarias querem fabricar bebidas sem álcool a partir desta droga suave e é isso que explica a multiplicação dos seus investimentos em produtores de canábis para uso terapêutico.

A Molson Coors, fabricante das cervejas Blue Moon e Coors, e concorrente da Constellation, assinou recentemente uma associação com o grupo canadiano The Hydropothecary Corporation (Hexo) que quer triplicar antes do final do ano as suas fábricas.

A Lagunitas, uma filial da Heineken, oferece desde o fim de julho a “Hi-Fi Hops”, uma cerveja sem álcool e com infusão de canábis.

O grande interesse por produtores habilitados de canábis estimulou as ações destas empresas nos últimos meses.

Canopy Growth quadruplicou a sua capitalização desde que entrou na bolsa. O grupo uniu-se à Danish Cannabis para produzir em Odense, no centro de Dinamarca, e comercializar canábis medicinal na Europa.

A valorização da sua concorrente canadiana Aurora, que conta com filiais na Alemanha, nos Países Baixos e na Austrália multiplicou-se por seis num ano.