Esta mudança surge numa altura em que a pandemia de covid-19 levou a maior economia mundial a entrar em recessão. O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos registou uma contração a um ritmo anual de 31,7% no segundo trimestre, depois de também ter recuado nos primeiros três meses de 2020.
As famílias com rendimentos mais modestos são as que têm sido mais duramente afetadas pela crise económica.
Em concreto, as modificações na política da Reserva Federal (Fed), hoje anunciadas pelo seu presidente, Jerome Powell, preveem que a inflação possa ultrapassar o objetivo de 2% “durante algum tempo” para evitar uma subida das taxas de juro.
O presidente da Fed, que falava por ocasião do simpósio anual de Jackson Hole, que decorre de forma virtual, reiterou que a instituição está pronta a utilizar “a gama completa de instrumentos” de que dispõe para apoiar a economia.
“A economia está em constante evolução e a estratégia do comité de política monetária (que decide as taxas de juro) para atingir os seus objetivos deve adaptar-se aos novos desafios que se apresentam”, disse Powell.
Numa altura em que o país tem registado sucessivos protestos contra a discriminação racial, Powell defendeu que um mercado de trabalho “sólido” pode beneficiar muitas comunidades de rendimentos baixos ou moderados.
O presidente da Fed lembrou que antes da pandemia a taxa de desemprego estava no seu nível mais baixo em 50 anos (3,5% em fevereiro contra 10,2% em julho) e que os rendimentos das famílias aumentaram, com as minorias a beneficiarem também dessa conjuntura favorável.
“A economia estava sólida em fevereiro (…). A recuperação em maio e junho surgiu antes do esperado e foi mais forte do que o previsto”, o que significa que “a economia está saudável, exceto os setores diretamente afetados” pela crise sanitária, declarou Jerome Powell, citando a restauração, o setor das viagens e a hotelaria.
Nos setores referidos, milhões de pessoas perderam o emprego e terão dificuldade em encontrar de novo trabalho enquanto houver risco de contágios.
“Esta parte da economia terá muitas dificuldades em recuperar”, dado que esses setores também empregam pessoas menos qualificadas que terão dificuldade em mudar para outro setor.
“Devemos ficar ao lado dessas pessoas, apoiá-las e ajudá-las a retomar uma vida profissional”, afirmou, sublinhando que, quando a covid-19 estiver “sob controlo”, “o resto da economia pode recuperar rapidamente”.
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