“Permanecemos relativamente otimistas relativamente à economia portuguesa, tendo subido recentemente a nossa previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2019 para 1,6%, face aos anteriores 1,5%”, indica a Fitch Solutions, numa nota de análise datada de dia 21.

Ainda assim, a previsão da Fitch está abaixo da estimativa do Governo, que espera um crescimento de 2,2% em 2019.

Para 2020, a unidade de ‘research’ da Fitch mantém a estimativa de uma expansão de 1,3% da economia portuguesa.

“Apesar de estes níveis de crescimento representarem um abrandamento dos registados em 2017 e 2018 (quando a economia cresceu 2,8% e 2,1% previstos, respetivamente), estão bastante acima da média de -0,1% para a década que antecedeu 2017”, indica a consultora.

A suportar a evolução da economia portuguesa, estará um atraso na subida das taxas de juro pelo Banco Central Europeu (BCE), o que deverá estimular o investimento, nomeadamente na construção, e o setor da agricultura, antecipa a Fitch Solutions.

“O atraso previsto na subida das taxas de juro do BCE vai ajudar a impulsionar a economia portuguesa em 2019”, mantendo baixos os custos da dívida pública e do setor privado, indica a empresa.

“Taxas de juro mais baixas durante mais tempo também vão ajudar a impulsionar o investimento, com a construção residencial a ser provavelmente o principal ‘driver’ nos próximos trimestres”, adianta a Fitch Solutions, destacando também o setor da agricultura como “um ponto brilhante para o crescimento real do PIB nos próximos trimestres, à medida que o investimento flui para novas terras agrícolas recém-viáveis”, depois da conclusão do projeto do Alqueva.

A consultora explica que a conclusão do projeto do Alqueva promoveu uma “enorme faixa de terras agrícolas na região central do Alentejo, cuja produtividade foi anteriormente limitada por um abastecimento de água inadequado”.

“A introdução de um abastecimento confiável de água transformou a região num ambiente ideal para se cultivar uma variedade de culturas, incluindo azeitonas e amêndoas”, indica, adiantando que “os investidores estrangeiros estão a apostar na produção de amêndoas em particular”, o que continuará a ser vantajoso para o investimento global nos próximos anos.

Numa outra nota, também datada de dia 21, a Fitch Solutions antecipa que o atual Governo de coligação deve ganhar as eleições de outubro e conseguir um segundo mandato.

“O governo de coligação de esquerda liderado pelo PS deve ganhar um segundo mandato nas eleições no início de outubro”, indica a Fitch Solutions, adiantando que as perspetivas da coligação no poder são reforçadas pela “economia forte” e pela “turbulência no principal partido da oposição do centro-direita”.

No entanto, a consultora espera “alguma incerteza, uma vez que a desaceleração do crescimento económico irá testar o compromisso do PS com a consolidação orçamental”.

Mas a Fitch Solutions alerta que, “com a desaceleração do crescimento do PIB, o PS provavelmente terá de escolher entre manter a despesa e aumentar o défice e a carga da dívida do país, ou reduzir a despesa, numa tentativa de manter a consolidação orçamental em curso”.

De acordo com a consultora, a primeira opção irá provavelmente aumentar as tensões com a União Europeia, enquanto a segunda opção “provavelmente irritaria os parceiros de coligação do PS e uma grande parte do eleitorado”.

A agência de 'rating' Fitch, pertencente ao mesmo grupo da Fitch Solutions, avalia, atualmente, a dívida pública portuguesa em 'BBB' com perspetiva “estável”, e pode pronunciar-se sobre o ‘rating’ de Portugal no dia 24 de maio, podendo depois olhar uma segunda vez para o país em 22 de novembro.