Num dos capítulos analíticos do ‘World Economic Outlook’ hoje divulgado, o Fundo refere que, “apesar de a margem orçamental ser atualmente mais limitada”, os estímulos orçamentais nas grandes economias “podem ser importantes para aumentar a atividade económica noutras, ainda que não em todo o lado”.

A comparação apresentada pelo FMI para ilustrar esta situação é feita entre os Estados Unidos e a zona euro: o argumento é que, tendo em conta a posição cíclica da economia norte-americana e as condições de política monetária gradualmente menos acomodatícias, “um estímulo orçamental nos Estados Unidos provavelmente teria efeitos de contágio transfronteiriços relativamente modestos, em particular se esse estímulo fosse feito através de medidas fiscais”.

Por outro lado, na área do euro, “onde há margem orçamental em alguns países”, um estímulo orçamental “poderia ter maiores efeitos noutros países”, considerando as expectativas de manutenção da política monetária acomodatícia e do atraso ainda significativo em alguns países.

Outro aspeto apontado pela instituição liderada por Christine Lagarde é que o impacto de um estímulo orçamental nos desequilíbrios externos de outros países também depende da origem desse estímulo: é que “um estímulo nos Estados Unidos deverá aumentar estes desequilíbrios, ao passo que um estímulo em alguns países excedentários da área do euro pode reduzi-los”.

No caso da zona euro, por exemplo, os efeitos de contágio de uma política orçamental expansionista em países com margem para o fazer – “como um maior investimento público para aumentar o produto potencial na Alemanha” – nos parceiros comerciais com uma posição cíclica mais fraca “podem ser importantes”.

O FMI conclui assim que, de um modo geral, “a despesa em investimento público deverá produzir ganhos transfronteiriços maiores do que cortes nos impostos”.