“A hotelaria, como sabemos, é também uma atividade de mão-de-obra intensiva. Não sendo um problema originário de Portugal — é um tema em todo o lado –, a verdade é que no nosso país com uma situação de quase pleno emprego — são mais de 170.000 registos na Segurança Social — durante a pandemia perdemos 45.000 ativos no setor do turismo”, afirmou Bernardo Trindade no 33.º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, promovido pela AHP, que decorre em Fátima.
Acresce, segundo o responsável, que a retoma que o setor do turismo tem registado ao longo deste ano, que considerou de “excecional”, também surpreendeu.
Assim, “da recuperação mais rápida do que prevíamos em 2022, resultou também uma qualidade de serviço pior. Tenhamos todos essa consciência”, alertou Bernardo Trindade.
O responsável garantiu que sobre a questão dos recursos humanos, “todos” os associados da AHP continuam “a trabalhar”.
“Os estudos apontam, aliás, para a liderança no crescimento dos salários no turismo quando comparados com a restante economia portuguesa. Estamos a trabalhar entre todos os presentes num novo paradigma de prestação de serviço que confira outro tipo de regalias aos nossos colaboradores. Ainda assim, num contexto de verdade e transparência, um hotel é o que sabemos. Estamos abertos 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano”, lembrou.
O presidente da AHP diz que têm consciência que para repor a força de trabalho perdida “não nos bastamos a nós próprios”. Foi por isso que, recordou, apoiaram “a celebração do acordo com a CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]”.
“Trazer cidadãos do espaço da lusofonia para trabalharem em Portugal. E, sim, num processo desburocratizado e simples. O tempo da política tem de se aproximar das necessidades da economia”, disse, acrescentando, no entanto, que também para os trabalhadores que chegam de fora há caminho a percorrer”.
“Estas pessoas chegam a Portugal muitas delas com défices de formação técnica e linguística. Temos de trabalhar em conjunto: empresas, escolas de hotelaria, IEFP, para colmatar estas lacunas”, referiu.
O novo regime de entrada de imigrantes em Portugal entrou em vigor em 30 de setembro, passando a existir um visto de seis meses para um estrangeiro procurar trabalho no país.
Segundo o Governo, as alterações ao regime jurídico de entrada, permanência, saída e afastamento de cidadãos estrangeiros do território nacional estabelecem “procedimentos que permitem atrair uma imigração regulada e integrada, para o desenvolvimento do país, mudar a forma como a administração pública se relaciona com os imigrantes e garantir condições de integração dos imigrantes”.
Entre as novas medidas consta a criação de um visto de duração limitada que permita a entrada legal de imigrantes em Portugal com o objetivo de procura de trabalho.
Este visto para procurar trabalho em Portugal é válido por 120 dias e poderá ser prorrogado por mais 60 dias, sendo concedido nos postos consulares portugueses, que comunicam de imediato ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Segundo a nova lei, para requerer um visto para procura de trabalho é necessário declaração de condições de estada em Portugal e comprovativos de apresentação de declaração de manifestação de interesse para inscrição no IEFP e da posse de meios de subsistência equivalente a três retribuições mínimas mensais.
Também os cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vão ter um regime de facilitação de emissão de vistos em Portugal, no âmbito do acordo sobre a mobilidade entre Estados-membros da CPLP.
Segundo o decreto, os cidadãos da CPLP podem obter um visto para procura de trabalho ou visto de residência CPLP, ficando dispensados da apresentação de seguro de viagem válido, comprovativo de meios de subsistência, cópia do título de transporte de regresso e apresentação presencial para requerer visto.
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