Os dados foram publicados no levantamento “Investimentos chineses no Brasil — 2023: novas tendências em energias verdes e parcerias sustentáveis”, realizado pelo CEBC, que apontou que, ainda que o investimento de empresas chinesas no Brasil tenha crescido, o valor é o segundo mais baixo desde 2009, superando apenas o resultado de 2022, quando os investimentos chegaram a 1,3 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros).
Em 2023, o número de projetos chineses confirmados no país chegou a 29, total que indica uma queda de 9% face a 2022. Apesar do recuo, esse foi o terceiro maior número de projetos chineses no Brasil num ano registado na série histórica iniciada em 2007.
O CEBC destacou que a efetivação do valor dos investimentos chineses no Brasil, ou seja, a percentagem de projetos anunciados que de facto foram colocados em prática, subiu de 27% para 88% entre 2022 e 2023.
Outro dado apontado é que o aumento dos investimentos chineses no Brasil em 2023 ocorreu apesar da queda de 17% nos investimentos estrangeiros de forma geral no país.
Os investimentos chineses no Brasil entre 2007 e 2023 somaram 73,3 mil milhões de dólares (66,4 mil milhões de euros), resultado de 264 projetos confirmados.
A transição energética dominou o foco dos projetos de empresas chinesas realizados no Brasil no ano passado.
“Dos 29 projetos confirmados, 72% foram direcionados a energias verdes e setores relacionados — 16 pontos percentuais a mais do que em 2022 e a maior participação registada desde o início da série histórica em 2007”, destacou o CEBC.
No levantamento apontou-se que o Brasil foi o 9.º país que mais recebeu capital produtivo chinês em 2023.
Em anos recentes, segundo o CEBC, países emergentes têm atraído a maior parte do valor investido pela China no mundo, chegando a representar 9 dos 10 principais destinos dos aportes do país asiático em 2023.
Diversas fontes indicam quedas dos investimentos chineses em tradicionais recetores de capital do país, como os Estados Unidos e a Austrália, onde esses aportes caíram 36% e 57%, respetivamente. Na União Europeia e no Reino Unido a queda foi de 4,2%, acrescenta.
Segundo o CEBC, os investimentos chineses na América Latina e no Brasil têm sido menos intensivos em capital nos últimos anos, mas vêm avançando nas chamadas “novas infraestruturas”, que incluem iniciativas em áreas que estão no centro dos planos de desenvolvimento de Pequim, como energias renováveis, mobilidade elétrica, Tecnologia da Informação, infraestrutura urbana e manufaturas de alto padrão.
No Brasil, o setor de eletricidade foi o que mais atraiu investimentos chineses em 2023, com participação de 39%, incluindo projetos em hidroelétricas e energias solar e eólica.
Em segundo lugar, o setor automóvel respondeu por 33% do valor aportado — um ganho de participação de cinco pontos percentuais face ao ano anterior, mantendo a tendência de investimentos voltados exclusivamente para o segmento de carros elétricos e híbridos, com a continuidade dos projetos da Great Wall Motors (GWM) no estado de São Paulo e a entrada da BYD no estado brasileiro da Baía.
Fundado em 2004, o Conselho Empresarial Brasil-China é uma instituição bilateral sem fins lucrativos formada por duas divisões independentes, uma no Brasil e outra na China, e dedicada à promoção do diálogo entre empresas dos dois países.
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