Ao contrário de anos anteriores, em que o discurso de Ano Novo abordou a política diplomática, Kim fez do desenvolvimento económico, da situação alimentar e do combate à pandemia da covid-19 as prioridades para este ano.

O regime norte-coreano, sob sanções internacionais devido aos programas militares, tem sofrido de escassez de alimentos e lutado para alimentar a população, depois de registar, em 2020, a maior recessão económica em duas décadas, de acordo com o banco central da Coreia do Sul.

“É importante dar um passo decisivo na resolução dos problemas relacionados com as necessidades diárias da população”, disse Kim Jong-un, na quarta reunião plenária do Partido dos Trabalhadores em 2021, prevista para terminar hoje.

Em junho, Kim tinha reconhecido que o país estava a enfrentar uma “situação de tensão alimentar” e, em outubro, um perito em direitos humanos da ONU advertiu que os mais vulneráveis estavam “ameaçados de fome”.

A pressão sobre a economia norte-coreana foi agravada pelo encerramento das fronteiras ordenado para combater a covid-19, prioridade no país, em 2022.

“As medidas de emergência contra a epidemia devem ser colocadas no topo das prioridades nacionais e vigorosamente implementadas… sem o mínimo afrouxamento, desvio ou lacuna”, salientou Kim, que sucedeu ao pai Kim Jong-il há uma década.

No discurso, o líder norte-coreano não fez qualquer referência aos Estados Unidos, ou à Coreia do Sul, quando indicou que Pyongyang ia continuar a reforçar as capacidades militares.

“O ambiente militar cada vez mais instável na península coreana e a situação internacional exigem o reforço das capacidades de defesa nacional”, disse Kim, de acordo com a KCNA, que não adiantou pormenores.

A deterioração da situação económica ligada à pandemia não impediu Pyongyang de desenvolver o programa de armamento, de acordo com um relatório da ONU, publicado em outubro.

As negociações com os EUA têm estado paradas desde o fracasso da cimeira de Hanói, em 2019, entre Kim e o antigo Presidente norte-americano Donald Trump.