"O Livre defende que a nomeação do governador do Banco de Portugal, nomeadamente o perfil e histórico, deve ser amplamente discutida na Assembleia da República, permitindo maior transparência nas escolhas e objetivos para o mandato", argumentou o partido em comunicado.

No que toca à escolha do ex-ministro das Finanças de António Costa, o partido aponta as várias decisões que tomou relacionadas com o setor bancário, em particular com o Novo Banco, "com impacto ao nível da regulação", lembrando ainda a gestão "na nomeação de António Domingues para a Caixa Geral de Depósitos, situação na qual a transparência e devido escrutínio do processo não parecem ter sido princípios seguidos por Centeno".

"Na última década, as desregulações e atos não orientados para a sustentabilidade do setor financeiro prejudicaram a economia portuguesa, o bem estar dos cidadãos e o próprio desenvolvimento social do país. Estas situações reforçam a importância do cumprimento rigoroso da missão do papel do Banco de Portugal com independência relativamente ao setor bancário", vincou o partido da papoila.

Para o Livre, "é igualmente importante que não existam conflitos entre a esfera política e o papel de governador do Banco de Portugal".

Na quinta-feira, o primeiro-ministro escreveu ao presidente da Assembleia da República a comunicar a proposta do Governo para nomear Mário Centeno para o cargo de governador do Banco de Portugal.

No mesmo dia foi conhecido que o parlamento vai suspender por quatro semanas a apreciação na especialidade do projeto do PAN que altera os critérios de nomeação do governador do Banco de Portugal até chegar o parecer requerido ao Banco Central Europeu (BCE).

A votação final global do projeto do PAN - já aprovado na generalidade com os votos contra do PS, abstenções do PCP e PEV, e com o apoio do PSD, Bloco de Esquerda, CDS e Iniciativa Liberal - estava prevista para 03 de julho.

Também na quinta-feira, o PSD anunciou, em conferência de imprensa, que já comunicou ao Governo que discorda e desaconselha a escolha de Mário Centeno para esse cargo, mas que recusa aprovar leis 'ad hominem' que o impeçam.