“O resultado consolidado é inferior em 87% em relação ao do primeiro trimestre de 2019 devido ao impacto de fatores relacionados com a crise da pandemia de covid-19, nomeadamente, queda nos mercados financeiros e reforço de imparidades para fazer face a impactos futuros que, em conjunto, tiveram um impacto negativo de 47 milhões de euros no resultado antes de impostos”, lê-se no comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Dos impactos negativos, acrescentou o banco, 32 milhões de euros são reforço de “imparidades de crédito no contexto covid-19″, para fazer face a impactos futuros da crise na sua carteira de crédito.
BPI com quebra de 40% no crédito à habitação em abril
O presidente executivo do BPI, Pablo Forero, disse hoje em conferência de imprensa que o banco registou uma quebra de 40% no crédito à habitação nas primeiras três semanas de abril, algo que considerou normal face à pandemia de covid-19.
"O que observamos nas primeiras três semanas de abril, quando comparamos o mês de março com o de abril, o que estamos a observar é uma queda de 40% em crédito à habitação, o que é normal", afirmou Pablo Forero na conferência de imprensa de apresentação de resultados do banco no primeiro trimestre (lucros de 6,3 milhões de euros).
O líder do BPI, que abandonará o cargo para se reformar, sendo substituído por João Pedro Oliveira e Costa, lembrou que "com o confinamento, os avaliadores não podem ir avaliar as casas e os compradores não podem ir visitar as casas".
Sobre perspetivas futuras no mercado de crédito à habitação, em face da pandemia, o gestor afirmou que se se falar "de uma maneira séria", não há uma perspetiva clara, mas disse crer que "se a sociedade recuperar a normalidade, num mês ou dois o mercado do crédito à habitação recupera a normalidade".
"Outra coisa é o que vai acontecer à procura de crédito à habitação. E acho que isso, como sempre, vai depender de dois fatores. Um é o desemprego. Se há mais desemprego, temos de imaginar que vamos ter menor procura. E depois também as expectativas dos preços", referiu também Pablo Forero.
Relativamente às expectativas de preços, o presidente executivo do BPI disse que, quando sobem, "as pessoas aceleram as suas decisões de investimento", mas se a expectativa for a dos preços caírem, "naturalmente que a procura de novas habitações tende a cair".
BPI considera "muito improvável" ter prejuízos em 2020
O presidente executivo do BPI considerou ainda hoje que, apesar da crise económica desencadeada pela epidemia de covid-19, é "muito improvável" que o banco venha a registar prejuízos este ano.
Segundo Pablo Forero, para este ano os planos do banco eram de lucros de quase 200 milhões de euros, que agora se põem em causa com a crise desencadeada pela covid-19, mas disse que será "muito improvável que o banco tenha perdas este ano".
"Não é o cenário central. Agoram, vamos ver o impacto na economia", acrescentou.
O presidente da comissão executiva do BPI disse ainda que é otimista, considerando que crises que não têm que ver com desequilíbrios na economia são mais breves.
Questionado sobre os prémios dos administradores, Pablo Forero explicou que os prémios referentes a 2019 já foram pagos, a maioria dos quais antes do surto da covid-19, e que os administradores executivos renunciaram foi aos prémios deste ano (que seriam pagos em 2021).
Em 14 de abril, o BPI anunciou a suspensão da distribuição de dividendos referente aos resultados de 2019 (lucros de 327,9 milhões de euros). Também a Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP e Santander Totta indicaram que não pagarão dividendos.
O BPI anunciou hoje, ao início da manhã, que o Conselho de Administração do banco escolheu o atual administrador João Pedro Oliveira e Costa para novo presidente executivo, sucedendo ao espanhol Pablo Forero, que se vai reformar.
A eleição de João Pedro Oliveira e Costa apenas se irá concretizar “depois da necessária aprovação das autoridades de supervisão”, acrescentou o banco.
Pablo Forero é presidente executivo do BPI desde inícios de 2017, quando substituiu Fernando Ulrich (que passou a presidente do Conselho de Administração, ‘chairman’) após o sucesso da Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank sobre o BPI, o grupo espanhol que hoje controla todo o banco.
(Notícia atualizada às 14:14)
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