A ponte, aberta à circulação a 24 de outubro de 2018, “tem sido uma grande ajuda, especialmente para os turistas e para os residentes de Macau que querem utilizar o aeroporto de Hong Kong”, diz Kou Kun Pang, membro do Conselho Consultivo do Trânsito.
Quase 40,2 milhões de visitantes entraram em Macau nos últimos 12 meses, mais 5,6 milhões do que no período anterior, segundo cálculos da Lusa, com base em dados oficiais da Direção dos Serviços de Estatística e Censos da região.
Cerca de 5,35 milhões de turistas utilizaram a fronteira da ponte, considerada a maior travessia marítima do mundo. Pelo contrário, o número de visitantes a chegar a Macau de ‘ferry’ caiu 35,7 por cento nos últimos 12 meses.
“Vir para Macau diretamente através da ponte é mais fácil de organizar”, explica Kou.
Foram registados até ao final de Setembro passado mais de 33 mil autocarros a entrar ou a sair de Macau através da ponte, assim como perto de 214 mil veículos ligeiros.
De acordo com estimativas das três regiões, o volume diário de tráfego na ponte deverá atingir os 29.100 veículos em 2030 e 42 mil em 2037, enquanto o volume diário de passageiros poderá rondar os 126 mil e os 175 mil, respetivamente.
Kou Kun Pang acredita que o tráfego irá aumentar no futuro, nomeadamente após a atribuição pelo governo de Macau de mais 914 licenças de circulação de veículos ligeiros, num concurso que termina na quarta-feira.
Ainda assim, o presidente da filial em Macau do Chartered Institute of Logistics and Transport defende que a prioridade tem de ir para o transporte de mercadorias.
Não há dados oficiais sobre a carga que atravessa a ponte, mas o presidente da Associação de Logística e Transportes Internacionais de Macau, Victor Lei Kuok Fai, diz que o setor tem passado ao lado da nova travessia.
“As autoridades da China continental não autorizaram as empresas de Macau a trabalhar nesta ponte”, explica o empresário.
“Não sabemos porquê. Já perguntei tantas vezes no Conselho para o Desenvolvimento Económico, mas até agora não recebi qualquer resposta”, lamenta Victor Lei.
Kou Kun Pang acredita que o problema está nos procedimentos alfandegários necessários para transportar mercadoria de Hong Kong para Macau, assim como na falta de motoristas qualificados para conduzir veículos pesados.
Durante a construção da ponte, houve várias companhias aéreas interessadas em utilizar o aeroporto de Macau para trazer e levar mercadoria de Hong Kong e da China continental, revela Victor Lei. Mas no final só a Qatar Airways avançou em Outubro passado com dois voos semanais.
O empresário teme que, com a incerteza que paira sobre a economia global e os protestos que há meses afetam Hong Kong, a oportunidade já tenha passado.
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