"Esperamos que os decisores políticos na Nigéria e em Angola vão ser forçados a desvalorizar as suas moedas nacionais num esforço para conservar as reservas em moeda externas", escrevem os analistas numa nota sobre como as principais economias africanas vão enfrentar esta semana, que deverá ser marcada pelo impacto do novo coronavírus no território africano.
"O número de casos confirmados na África Subsaariana é ainda escasso, mas já duplicou face à semana passada, havendo, ainda assim, menos casos confirmados entre os mil milhões de africanos do que no estado norte-americano do Massachussets", contextualizam os analistas.
Numa nota de análise enviada dos clientes, e a que a Lusa teve acesso, a Capital Economics escreve que "um surto sustentado na África Aubsaariana pode ser difícil de conter" e lembra que "a maioria dos países africanos tem 3 a 10 camas de hospitais para cada 10 mil residentes, comparado com as 30 a 60 na Europa".
No comentário, os analistas alertam que "mesmo que esta região consiga evitar um surto em grande escala, a região não vai evitar o impacto económico do vírus", que se junta ao efeito da redução dos preços do petróleo nos países exportadores desta matéria-prima, como Nigéria e Angola.
"Na Nigéria, o aumento dos volumes de produção e o grande setor não petrolífero vai ajudar a acomodar o impacto, mas em Angola, pelo contrário, pensamos que as receitas de exportação vão cair quase 2,5% do PIB só no primeiro trimestre", tornando Angola o país mais afetado por este contexto e "empurrando a economia para uma recessão ainda maior, este ano".
No ano passado, a moeda angolana já registou uma quebra de cerca de 30% face ao dólar, o que motivou, em parte, a subida da dívida pública para níveis a rondar os 100% do PIB.
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.500 morreram. Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 140 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.
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