Em comunicado, o PAN defendeu a necessidade de Carlos Costa e António Ramalho explicarem aos deputados “as medidas de supervisão [que] estão em curso e as contas desta instituição bancária”.
“O mais grave em toda esta operação é que o Governo, mesmo num contexto de crise, continue a colocar os buracos do Novo Banco e os interesses da banca à frente da melhoria das condições de vida dos cidadãos, setor este que continua passar impune pelos intervalos da chuva”, afirma o porta-voz do PAN, André Silva, citado na nota.
O partido critica que a injeção de capital de 850 milhões de euros tenha “avançado antes da conclusão da auditoria” e aponta igualmente que o “Novo Banco vai proceder ao pagamento de 2 milhões de euros em prémios aos seus gestores pelo seu desempenho”, quando no ano passado “registou de prejuízos de 1.059 milhões de euros”.
“Esta notícia vem juntar-se a outras que vieram a público no início deste mês, as quais vieram dar nota de que em 2019 o CEO do Novo Banco viu o seu salário aumentado em quase 5% e de que no total a administração executiva recebeu em honorários cerca de 2,3 milhões de euros”, acrescenta.
André Silva considera tudo isto “profundamente irresponsável, face ao impacto continuado na sustentabilidade financeira do país, que, devido ao novo coronavírus e aos seus impactos económico-sociais, já está tão fortemente comprometida”.
O Expresso noticiou na quinta-feira da semana passada que o Fundo de Resolução recebeu mais um empréstimo público no valor de 850 milhões de euros destinado à recapitalização do Novo Banco.
A notícia surgiu depois de António Costa ter garantido no mesmo dia no parlamento, no debate quinzenal, que não haveria mais ajudas até que os resultados da auditoria que está a ser feita ao Novo Banco fossem conhecidos.
Na sexta-feira, o primeiro-ministro explicou que não foi informado pelo Ministério das Finanças do pagamento de 850 milhões de euros, tendo pedido desculpa ao Bloco de Esquerda pela informação errada transmitida durante o debate quinzenal.
Hoje, o ministro das Finanças admitiu, em entrevista à TSF, uma falha de comunicação entre o seu gabinete e o primeiro-ministro quanto à injeção de capital no Novo Banco, mas "não uma falha financeira", que seria desastrosa.
"Podemos admitir - e terá havido um atraso - uma falha na comunicação entre o Ministério das Finanças e o primeiro-ministro no momento do debate quinzenal", disse Mário Centeno.
Contudo, acrescentou, o que não houve foi uma "falha financeira", a qual "teria um caráter desastroso para o sistema financeiro e sistema bancário em Portugal", considerando que Portugal - no meio de uma crise severa como a atual - "não se pode dar ao luxo de pôr um banco em risco".
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