Numa conferência na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), com o tema “Portugal depois do ajustamento”, Rui Rio afirmou que será mais importante para Portugal baixar a carga fiscal do que ter grandes ‘superavits’, embora defenda que se deve lutar para conseguir pequenos excedentes orçamentais nas contas públicas.
No final, questionado se o atual Governo já teria condições para fazer essa diminuição de impostos, o presidente do PSD salientou que a economia tem crescido e que, pelo menos, o Governo poderia não ter aumentado a carga fiscal.
“Aquilo que o Governo fez foi aumentar a carga fiscal, isso é inequívoco. Os portugueses não sentem diretamente, porque não é nos impostos diretos (…) Sente-se menos, essa foi a habilidade política do Governo, mas paga-se na mesma”, criticou.
Rio disse não querer fazer demagogia e dizer que “era facílimo baixar a carga fiscal”, mas apontou que, em Portugal, o nível de impostos que os portugueses pagam não tem correspondência com o nível dos serviços, nomeadamente ao nível da saúde.
Questionado como votará o PSD os programas de Estabilidade e Nacional de Reformas do Governo – pelo menos o CDS levará os documentos a votos no parlamento através de um projeto de resolução -, Rui Rio remeteu uma posição para quando os documentos forem conhecidos.
Na sua intervenção na FLAD, marcadamente económica, Rio defendeu que o objetivo no futuro deve ser reduzir a dívida pública e caminhar para “pequenos ‘superavits’ orçamentais”, para que o país continue num caminho de credibilização externa.
“E se de repente há uma conjuntura económica que até permite um orçamento português com 3% de ‘superavit’? Eu diria: Não quero, baixo a carga fiscal. Prefiro baixar os impostos e ficar com um ‘superavit’ de 0,5%”, sustentou, considerando que “esse toquezinho positivo” já será suficiente.
Em termos políticos, o presidente do PSD voltou a defender que só com acordos interpartidários Portugal conseguirá fazer as reformas estruturais de que necessita para ultrapassar os estrangulamentos.
“Não faz sentido ser líder de um partido da oposição que não seja para pôr Portugal em primeiro lugar, essa é que uma regra de ouro para mim”, afirmou.
Rio salientou que, aos 60 anos, se sente “confortável” como líder do PSD para pôr em prática essa disponibilidade para acordos de regime “em nome de Portugal”.
“Se é apenas para questões de tática partidária, eu sinceramente não me sinto confortável”, afirmou, dizendo que “enquanto for presidente será assim”, estejam os outros partidos também disponíveis para entendimentos.
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