“2020 será naturalmente um ano complicado. Em média as empresas vão faturar menos 50% do que em 2019. Não sabemos quando vão abrir as fronteiras e os aviões estarão no ar”, comentou Rita Marques, intervindo na abertura do segundo dia do evento virtual “The Power of Food”, um “debate de emergência” sobre o futuro da restauração promovido pelo simpósio Sangue na Guelra.
O turismo, setor com cerca de 130 mil empresas em Portugal, “é um dos mais impactados” pela pandemia da covid-19 e os números de janeiro e fevereiro (com subidas de 12% e 14% em relação aos mesmos meses de 2019) indicavam que o país iria ter “mais um ano absolutamente extraordinário”, disse a secretária de Estado.
Na sua intervenção, Rita Marques deixou um apelo aos portugueses para que, “num espírito solidário para com os profissionais da restauração, hotelaria, turismo, possam gozar férias ou até micro-férias” nas diferentes regiões do país.
“O mercado interno vai ser fundamental para assegurar que a atividade possa ser alguma este ano”, comentou, admitindo que as autoridades não esperam “resultados extraordinários para o turismo” este ano.
Depois de um primeiro momento, após a declaração da pandemia e da imposição do confinamento obrigatório, a preocupação foi de “operacionalizar medidas que ajudassem as empresas a sobreviver”.
Atualmente, com o anúncio de reabertura dos restaurantes a 18 de maio, “infelizmente com algumas limitações” — como a redução da capacidade para metade -, serão necessárias “novas medidas” para apoiar as empresas, que terão de investir em máscaras e fazer alterações nos estabelecimentos.
“Num terceiro momento, quando a situação voltar à nova normalidade”, a estratégia do Governo passa por cinco pilares, nomeadamente “apostar muito na conectividade, especialmente aérea”, tendo em conta que 70% dos 26 milhões de turistas no ano passado eram estrangeiros, instigar confiança nos empresários para que invistam na requalificação e inovação e ajudar a promover a formação de competências, nomeadamente digitais.
Rita Marques defendeu que este ano e os próximos serão “os anos dos territórios de baixa densidade”, comentando que “as pessoas vão procurar destinos ligados à natureza, ao ar livre, e viajar em pequenos grupos” e, aí, “a cozinha e os grandes chefes podem aportar um valor extraordinário, por terem uma cozinha muito autêntica”.
Finalmente, sustentou, é preciso transmitir “uma mensagem de confiança e de esperança”, sublinhando que a resposta de saúde pública à pandemia da covid-19 colocou Portugal “no topo de confiança a nível internacional”.
“O vírus infelizmente tirou muitas vidas. Os nosso ativos — paisagens, pessoas hospitaleiras — não foram afetados. Portugal foi eleito o melhor destino do mundo por três vezes consecutivas. Tudo o que nos distinguiu no passado recente continua cá . Não há covid que contamine esses ativos”, disse.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 250 mil mortos e infetou mais de 3,5 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de um milhão de doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.063 pessoas das 25.524 confirmadas como infetadas, e há 1.712 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.
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