“Há o reconhecimento de que há uma tendência de crescimento sustentado do consumo de chocolate em Portugal, que embora mais lento do que gostaríamos, deverá superar os 200 milhões de euros este ano, animado pela expectativa de que neste Natal o consumo volte a ser alto”, disse à agência Lusa o secretário-geral da Associação dos Industriais de Chocolates e Confeitaria (ACHOC), Manuel Barata Simões.

O consumo ‘per capita’ de chocolate em Portugal era de 1,5 quilograma (kg)/ano há cinco anos e deverá rondar os dois quilos no final deste ano, de acordo com dados da ACHOC, mas os portugueses estão na cauda da Europa ao nível do consumo, atrás da Espanha (quatro kg/ano) e mesmo da Grécia (3,8 kg/ano).

A presidente executiva da Imperial, a maior produtora nacional de chocolates, que tem três unidades de produção, incluindo uma nova fábrica em Vila do Conde, vê também neste Natal “um aumento muito expressivo [do consumo]” de chocolate, apesar de as alterações climáticas, com este tempo “excessivamente quente”, penalizarem os produtos vendidos no Inverno, o que acontece igualmente em Espanha.

A sazonalidade no consumo de chocolates em Portugal, marcada por dois picos - no Natal e na Páscoa -, é compensada pela Imperial com o aumento das exportações para países onde “esta sazonalidade ou não existe ou está invertida”, disse à Lusa Manuela Tavares de Sousa.

Outra forma de combater a sazonalidade é apostar em produtos inovadores, propostas atrativas e experiências para o palato dos consumidores.

Também Cristina Tomás, diretora Comercial da Lacasa Portugal, uma filial do grupo familiar espanhol que está há 29 anos no país, afirmou à Lusa que a empresa procura contrariar a sazonalidade no mercado português, e manifestou-se otimista em relação às vendas na quadra natalícia, lembrando no Natal há “um grande pico” no consumo.

A seguir ao Natal “vem a Páscoa”, prosseguiu a gestora, que conta com três fábricas em Espanha, lembrando que estão “já a preparar” o primeiro trimestre do próximo ano e a Páscoa uma época que terá “muitas novidades”.

Embora haja unanimidade sobre o aumento das vendas neste Natal, o setor entende que "está a ser penalizado" pois, os últimos governos "continuam sistematicamente" a tributar o chocolate à taxa de IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado) de 23%, considerando este produto alimentar como “um bem de luxo”, quando em Espanha a taxa é de 10%, lamentou a ACHOC.

Para a associação, por se tratar de um bem alimentar com benefícios para a saúde, desde que consumido com moderação, a harmonização fiscal ao nível do IVA com Espanha teria "todo o cabimento" e permitiria aumentar o consumo não só no Natal como durante todo o ano.

Esta medida “não foi uma vez mais contemplada” no Orçamento do Estado para 2018, disse à Lusa o secretário-geral da ACHOC, lembrando que o setor vai continuar a crescer sustentadamente, embora sem esta “prenda” no sapatinho.

Vendas da Imperial devem crescer 20% este ano e chegar aos 34 milhões de euros

As vendas da Imperial, a maior empresa nacional de chocolates, vão chegar aos 34 milhões de euros em 2017, um crescimento de 20% face ao ano passado, disse hoje à Lusa a presidente-executiva da empresa, Manuela Tavares de Sousa.

“A média de produção de chocolate é de 20 toneladas por dia e, por exemplo, no Natal aumentamos para uma média de 25 toneladas diárias”, explicou a gestora, adiantando que as vendas vão atingir os 34 milhões de euros no final deste ano.

“Deste montante, 30% da faturação já é gerada nos mercados externos”, adiantou a responsável, sendo que em 2016 o peso das vendas internacionais no total da faturação foi de 20%.

“A nossa expectativa para o final deste ano está a cumprir-se tendo por base os dados de vendas que já temos relativos ao período entre janeiro e outubro deste ano”, salientou a gestora.

Nos últimos cinco anos, a Imperial teve “um crescimento sustentado”, tanto no mercado interno como no mercado externo, referiu Manuela Tavares de Sousa, lembrando ainda que o mercado dos chocolates vale 215 milhões de euros em Portugal, mas que a nível internacional representa 10.000 milhões de euros.

“O consumo per capita de chocolate em Portugal é de 1,5 quilogramas (kg) por dia e de 1,7 kg incluindo a categoria culinária”, adiantou a gestora, salientando, que mesmo assim o país está “na cauda da Europa” neste aspeto.

A presidente-executiva da Imperial reconheceu, no entanto, que nos últimos quatro a cinco anos houve “uma ligeira tendência de subida” no mercado nacional com a faturação a crescer, em média, entre 2% a 3%, o que em seu entender “é um aumento pequeno e sobre uma base muito reduzida".

Até outubro, a Imperial teve um crescimento das vendas no mercado nacional de 7%, o que “é muito bom”, congratulou-se a gestora.

A Imperial está em 50 mercados externos dispersos por todos os continentes.

Na Europa, o peso maior centra-se em Espanha e na Polónia “onde a operação está a correr muito bem”, disse Manuela Tavares, lembrando ainda que em Angola, Moçambique e na África do Sul a empresa tem “bastante expressão”.

Na América Latina, a Imperial está no Brasil há 20 anos e tem-se posicionado com "bons resultados" na Colômbia, Uruguai, Equador e no Perú, enquanto no Médio Oriente está de uma forma ainda embrionária e na Austrália está também no início, mas “perspetiva-se um bom desempenho”, destacou a gestora.

A Imperial assinalou em meados de setembro o 85.º aniversário da sua atividade em Portugal com a inauguração de uma nova fábrica localizada em Vila do Conde, que representou um investimento de seis milhões de euros.

A dona das marcas Regina, Jubileu, Pintarolas, Allegro e Pantagruel, que tem três fábricas em Portugal, incluindo a nova unidade de produção de Vila do Conde, investiu na última década cerca de 20 milhões de euros nas instalações fabris, precisamente na modernização dos equipamentos de produção e nas infraestruturas.