
A iniciativa visa "melhorar as relações entre as autoridades policiais e comunidades" contribuindo para "a manutenção da paz e estabilidade", lê-se em comunicado da representação diplomática em Maputo acerca de uma linha que tem estado sob tensão.
Do lado moçambicano, o projeto vai ser aplicado em Cabo Delgado, que faz fronteira com a Tanzânia ao longo do rio Rovuma, enquanto do lado tanzaniano, a norte, serão abrangidas comunidades da província de Mtwara.
Aquela divisão fronteiriça é uma das vias suspeitas de entrada de terroristas no norte de Moçambique, mas é também destino de milhares de deslocados que fogem da violência em Cabo Delgado para a Tanzânia - sendo devolvidos para solo moçambicano.
O projeto pretende melhorar o relacionamento entre "autoridades policiais e comunidades locais" e promover "uma maior segurança transfronteiriça para a população local e para as pessoas deslocadas" da violência armada no norte de Moçambique.
Sem detalhar, a diplomacia alemã anuncia um reforço de "capacidades" das "autoridades governamentais relevantes" associadas a "práticas de policiamento comunitário e gestão de fronteiras".
"O presente apoio decorre do compromisso alemão de prevenir crises, gerir conflitos e promover a paz", referiu Rüdiger Zettel, encarregado de negócios da embaixada da Alemanha em Moçambique.
"Uma colaboração reforçada entre as comunidades afetadas e a força policial local pode fazer uma grande diferença no enfrentamento da crise", acrescentou.
"Depois de observar a evolução das necessidades no norte de Moçambique, a nossa parceria com o Governo alemão não poderia ser mais oportuna para ajudar o Governo de Moçambique", disse Laura Tomm Bonde, chefe de missão da OIM em Moçambique.
"Esta parceria contribui significativamente para a paz e estabilidade nas áreas de enfoque", acrescentou.
De acordo com as autoridades fronteiriças moçambicanas, mais de 9.600 deslocados foram repatriados à força pela Tanzânia através do posto fronteiriço de Negomano desde janeiro deste ano.
Cerca de 900 foram literalmente "empurrados" de regresso a Moçambique em apenas alguns dias, de 07 a 09 de junho, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Grupos armados aterrorizam a província desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.800 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 732.000 deslocados de acordo com a ONU.
LFO // LFS
Lusa/fim
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