O objetivo é a aprovação do Plano de Ação da Paz na República Democrática do Congo (RDCongo) e o restabelecimento das boas relações entre a República Democrática do Congo e o Ruanda, segundo uma nota do secretariado de imprensa do Palácio Presidencial.

A nota não explicita se os convidados - Paul Kagamé, do Ruanda, Félix Tshisekedi, da República Democrática do Congo, Évariste Ndayishimiye, do Burundi, e o antigo Presidente da República do Quénia Uhuru Kenyatta - confirmaram a presença.

João Lourenço tem sido o mediador encarregue do dossier do conflito RDCongo-Ruanda, mandatado pela União Africana, e no passado fim de semana deslocou-se a cada um dos países para se reunir com os respeitos presidentes.

Na segunda-feira, o chefe de Estado angolano recebeu o vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros da RDCongo, Christophe Lutundula, que foi portador de uma mensagem de Tshisekedi, cujo conteúdo não foi revelado.

O leste da RDCongo está mergulhado em conflito há mais de duas décadas, alimentado por milícias rebeldes e pelo exército congolês, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU, Monusco.

Os combates entre o M23 e o exército congolês intensificaram-se de novo no final de outubro, após um período de tréguas.

Os combates, além de terem causado dezenas de milhares de deslocados internos, levaram o M23 a controlar várias cidades na província do Kivu do Norte e geraram uma crise diplomática em que a RDCongo acusa o Ruanda de apoiar o M23, uma alegação que o Governo ruandês sempre negou.

No entanto, um relatório confidencial de peritos da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado no início de agosto, confirmou esta cooperação.

A RDCongo e o Ruanda insistem no diálogo para resolver a tensão crescente, com o apoio das negociações promovidas pela Comunidade da África Oriental (EAC) em Nairobi e pelo Presidente angolano e chefe da Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos (ICGLR), João Lourenço, em Luanda.

O M23 foi criado em 2012, quando soldados congoleses se revoltaram com a perda do poder do seu líder, Bosco Ntaganda, acusado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra e devido a alegadas violações do acordo de paz de 23 de março de 2009, após o qual o movimento é nomeado.

O grupo exigiu uma renegociação do acordo assinado pela guerrilha congolesa Congresso Nacional de Defesa do Povo (CNDP) para a sua integração no exército, a fim de melhorar as suas condições.

O CNDP, constituído principalmente por tutsis (um grupo que sofreu com o genocídio ruandês de 1994), foi formado em 2006 para - entre outros objetivos - combater os hutus das Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), fundado em 2000 pelos líderes do genocídio e outros ruandeses exilados na RDCongo a fim de recuperarem o poder político no seu país.

 

RCR (PJA) // VM

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