
O ministro do Interior francês, Bruno Retailleau, mostrou-se indignado, com o facto de o autor do ataque em Mulhouse, perto da fronteira com a Alemanha, apesar de ter sido condenado por terrorismo e de "ter problemas psiquiátricos", estar "em liberdade em território francês" com uma ordem de expulsão do país.
Numa entrevista ao canal TF1, Retailleau insistiu que "a lei deve ser alterada para proteger melhor os franceses", referindo que pretende estabelecer um regime de "retenção de segurança" para pessoas com perturbações mentais "perigosas" quando saem da prisão.
"Todos os anos, os terroristas são libertados porque já cumpriram as suas penas. Chegou o momento de mudar as regras para proteger os franceses. É a minha função", afirmou, antes de se deslocar ao local do ataque.
Para o ministro do partido tradicional de direita, Republicanos (LR), "mais uma vez é o terrorismo islâmico que ataca, e mais uma vez as perturbações migratórias estão na origem deste ataque", já que foi emitida uma ordem de expulsão contra o argelino, que não foi executada porque a Argélia recusou os dez pedidos feitos pelos seus serviços.
"Estendemos a mão à Argélia e o que obtivemos em troca?", questionou Bruno Retailleau, referindo-se ao acordo bilateral de 1968 que dá aos argelinos condições favoráveis para entrarem e permanecerem em França.
Segundo o relato da Procuradoria Nacional Antiterrorista (Pnat), que assumiu a investigação, o suspeito, Brahim A., de 37 anos, atacou vários polícias municipais na Praça do Mercado em Mulhouse, com algo semelhante a uma faca, enquanto gritava em árabe "Allah Akbar" ("Alá é grande").
Um cidadão português de 69 anos, que tentou interferir no ataque colocando-se entre os polícias e o atacante, foi confirmado morto pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O emigrante português era natural de Ermesinde, casado e com um filho, acrescentou o MNE, apontando que estava emigrado em França desde 1992.
Segundo a procuradoria francesa, cinco polícias municipais ficaram feridos no ataque, que ocorreu à margem de uma manifestação de apoio à República Democrática do Congo (RDCongo), palco de uma ofensiva, no leste, do movimento armado M23, apoiado pelo Ruanda.
O autor do crime foi detido pela polícia numa rua próxima, com a Pnat a abrir um inquérito por crimes de homicídio terrorista e tentativa de homicídio terrorista de pessoas com autoridade.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, disse não haver dúvida de que o ataque com uma arma branca foi um "ato de terrorismo" e "islâmico", o que tenta "há oito anos erradicar" do país, ao falar à imprensa durante uma visita à Feira Agrícola de Paris.
MYCO (MBA) // MDR
Lusa/Fim
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