As expectativas de inflação no país sul-americano, medidas por diferentes instrumentos e obtidas de diferentes grupos de agentes, "elevaram-se de forma significativa" em todos os prazos, tornando assim "o cenário de inflação mais adverso", refere no documento.

Na última quarta-feira, o órgão emissor brasileiro anunciou que aumentaria a taxa básica de juros para 13,25% ao ano, a quarta subida consecutiva.

Na ata que justifica a decisão, o banco explicou que o cenário de inflação de curto prazo segue adverso porque os preços dos alimentos subiram de forma significativa, em função, entre outros fatores, da estiagem observada ao longo do ano e do aumento de preços das carnes no país.

No documento a instituição refere ainda que irá acompanhar o ritmo da atividade económica, fundamental na determinação da inflação e o repasse do câmbio para a inflação, após um processo de depreciação e de maior volatilidade da taxa da moeda brasileira, que registou forte desvalorização em dezembro passado.

A meta de inflação do Brasil para este ano é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.

No ano passado, os preços no país cresceram 4,83%, acima do teto da meta e com valor superior ao de 2023, quando o índice de preços atingiu 4,62%.

O órgão emissor do país sul-americano considera que a decisão de subir os juros foi adequada também tendo em conta que o ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura e da política económica nos Estados Unidos.

O Banco Central brasileiro também informou que pode aumentar os juros em março para 14,25%, considerando "apropriada a indicação anterior de que antevê um ajuste da mesma magnitude na próxima reunião".

"Para além da próxima reunião, a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade económica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação", concluiu.

Economistas esperam que a taxa de juros suba para 15% ao ano no Brasil até o fim de 2025, o que, se confirmado, seria a maior taxa no país desde abril de 2006, há quase duas décadas.

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