"Vamos contribuir para a viabilização do orçamento, mas não vamos fazer como a doutora Manuela Ferreira Leite, que disse eu nem quero ver o orçamento. Não vamos dizê-lo porque é importante vê-lo", assegurou José Luís Carneiro na Grande Entrevista da RTP desta noite.

Nesta entrevista, na qual assumiu o objetivo de ganhar as eleições autárquicas e disse que gostaria de contar com o ex-líder do PS, Pedro Nuno Santos, "na vida política ativa", o candidato à liderança do PS foi questionado sobre a disponibilidade que terá para a viabilização do Orçamento do Estado para 2026 (OE2026).

"Vamos aguardar pela proposta do Governo. Ao viabilizar o programa do Governo, em princípio, deve-se viabilizar o instrumento para pôr em prática o programa do Governo, que é o orçamento", começou por responder, considerando que será na avaliação da execução do documento que depois também se avaliará o Governo.

Na opinião de José Luís Carneiro, se o executivo de Luís Montenegro "pretender manter uma atitude de respeito pelo PS, deve evitar colocar no orçamento dimensões que sabe que colidem com valores fundamentais" dos socialistas, reiterando uma "abertura para a viabilização" do documento.

Sobre a disponibilidade do PS para apoiar José Pedro Aguiar-Branco - que já se mostrou disponível - para ser de novo presidente da Assembleia da República, o deputado referiu que "os partidos têm a liberdade de proporem quem entender para a composição da mesa do parlamento".

"Assim como nós consideraríamos inaceitável que procurassem vetar um dos nomes apresentados pelo PS, também consideramos não ter o direito de vetar o nome apresentado pela AD para a presidência da Assembleia da República", enfatizou.

Na opinião do candidato a secretário-geral do PS - que até agora é o único na corrida à sucessão - "não há necessidade de ter psicodrama", assim "haja capacidade de diálogo e de boa-fé".

Sobre as presidenciais e questionado sobre se o PS apoiará ou não um candidato, e se preferiria António José Seguro, António Vitorino ou Augusto Santos Silva, o dirigente socialista começou por sublinhar o "imenso respeito por qualquer um" destes nomes.

"Há uma deliberação da Comissão Nacional do PS: quem decidir avançar ser candidato, deve avançar. Os órgãos do partido reunirão, avaliarão e decidirão sobre quem apoiar. Os militantes são livres de fazerem as suas opções e não há um regime sancionatório para aqueles que exercem a sua liberdade e a sua autonomia com responsabilidade", apontou.

Assegurando que cumprirá essa decisão da Comissão Nacional de fevereiro, Carneiro garantiu que a sua "decisão final será aquela que melhor preservar a unidade do PS".

Sobre a sua candidatura, o socialista assegurou que "não houve pressa absolutamente nenhuma".

Depois da contagem final dos votos ter ditado que o PS passou a terceira força política em número de deputados, apesar de se manter em segundo lugar em termos de percentagem de votos, por um curtíssima margem de distância em relação ao Chega, Carneiro assumiu que "são dias difíceis porque o PS teve um resultado muito amargo".

Em 13 de março, à Lusa, a então vice-presidente da bancada do PS Marina Gonçalves acusou o presidente da Assembleia da República de fazer "afirmações graves" sobre o então líder socialista e de participar num "jogo político concentrado em agarrar o poder" quando tem sido o "garante da instabilidade no parlamento".

Na véspera, Aguiar-Branco acusou Pedro Nuno Santos de ter feito "pior à democracia em seis dias do que André Ventura em seis anos", numa intervenção à porta fechada no Conselho Nacional do PSD, embora, segundo fontes do partido, tenha assinalado que falava na qualidade de militante e não na de presidente da Assembleia da República.