"O facto de a UE continuar a expandir-se para leste é uma vantagem para todos nós", disse o chefe do Governo da Alemanha na sua intervenção num encontro sobre o futuro da Europa, que decorre hoje em Praga.

O líder alemão garantiu estar "empenhado no alargamento da União Europeia para incluir os Estados dos Balcãs Ocidentais", bem como a Ucrânia, Moldávia e Geórgia.

"O centro da Europa está a mover-se para leste", disse Scholz, chegando a evocar "uma União Europeia de 30 ou 36 Estados", muito "diferente da atual União".

Nesta configuração futura, as regras de funcionamento terão necessariamente de evoluir, sustentou o chanceler alemão.

"Nesta União alargada, as diferenças entre os Estados-membros aumentarão em termos de interesses políticos, de poder económico ou de sistemas sociais", disse.

"A Ucrânia não é o Luxemburgo. E Portugal não tem a mesma visão dos desafios mundiais que a Macedónia do Norte", exemplificou Scholz.

Assim, "quando é necessária unanimidade hoje (dentro da UE), o risco de um único país impedir que todos os outros avancem com o seu veto aumenta com cada novo Estado-Membro", referiu.

"Foi por isso que propus passar gradualmente à tomada de decisões por maioria na política externa comum, mas também noutras áreas, como a política fiscal", explicou Scholz, não escondendo que "isso também teria consequências para a Alemanha".

Um eventual alargamento teria repercussões também na composição do Parlamento Europeu, declarou o líder alemão, que continua empenhado no princípio de um comissário europeu por país.

Scholz também reiterou o seu apoio à proposta do Presidente francês, Emmanuel Macron, para uma "Comunidade Política Europeia".

Neste novo fórum, "discutiríamos uma ou duas vezes por ano os temas centrais que dizem respeito ao nosso continente como um todo: segurança, energia, clima ou conectividade", propôs.

Olaf Scholz reservou parte do discurso à guerra na Ucrânia, desenvolvendo a ideia de que os ocidentais estabeleçam uma "divisão de trabalho fiável e a longo prazo" no que diz respeito ao apoio militar ao país.

Neste contexto, Olaf Scholz disse poder "imaginar que a Alemanha assuma uma responsabilidade especial em termos de reforço das capacidades de artilharia e defesa aérea da Ucrânia", apelando a mais "planeamento e coordenação" entre os aliados.

O chanceler alemão, que é regularmente alvo de críticas sobre a suposta timidez das entregas de armas do seu país à Ucrânia, indicou recentemente que Berlim entregaria a Kiev cerca de 500 milhões de euros de novas armas, incluindo os sistemas de defesa aérea Iris-T.

"Vamos manter este apoio, de forma fiável e acima de tudo, durante o tempo que for necessário", garantiu Scholz, sublinhando que isso também se aplica à reconstrução da Ucrânia "que será um esforço de várias gerações".

No dia 25 de outubro, terá lugar em Berlim uma conferência de peritos sobre a reconstrução da Ucrânia, que contará com a presença da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

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