De acordo com o relatório e contas daquele estaleiro, instalado na ilha de São Vicente e que emprega cerca de 200 trabalhadores, durante todo o ano de 2019 foram reparados 76 navios, contra os 68 de 2018, atividade que representa 96,2% das receitas da empresa, sendo a restante garantida com construções para terra.

A faturação dos estaleiros da Cabnave aumentou para cerca de 324,5 milhões de escudos (2,9 milhões de euros) em 2019, impulsionado pelo crescimento da atividade de reparação naval para armadores cabo-verdianos.

"Para essa evolução contribuiu positivamente o segmento da reparação naval, com um crescimento de 8,2%, que representa um aumento nas vendas de 23.742 contos [215 mil euros], permitindo que se alcançasse a cifra de 312.031 contos [2,8 milhões de euros]", lê-se no relatório e contas.

Depois de sucessivos resultados negativos, aqueles estaleiros registaram um resultado antes de impostos positivo, no valor de 2,4 milhões de escudos. A rendibilidade da empresa passou igualmente para valores positivos, de 0,7%.

A administração considera que além do aumento da faturação, também "foi determinante" a "redução dos custos com o consumo de materiais e com outros gastos".

Os armadores de Espanha (29,4% do total), Cabo Verde (28,3%), China (20,1%) e de Portugal (7,4%) foram os principais clientes da Cabnave em 2019.

No relatório, a administração admite que com o atual contexto da pandemia de covid-19 "as perspetivas para o ano de 2020 ficam ensombradas por muitas incertezas".

"Sendo uma parte importante do mercado da Cabnave proveniente do estrangeiro, o volume de exploração de 2020 pode não alcançar os níveis esperados caso os países de onde provém essa fatia do mercado não consigam controlar a situação. Assim, os riscos inerentes a uma retração da atividade em 2020 são reais", lê-se.

No início do ano, o ministro da Economia Marítima, Paulo Veiga, afirmou que o Governo estava à procura de privados com capacidade para investir até 12 milhões de euros naquele que é o único estaleiro naval do país.

"Tem vindo a melhorar ultimamente, prevê-se um investimento entre os seis e 12 milhões de euros, dependendo do que se tencionar e os estudos vão indicar nesse sentido", disse o ministro à agência Lusa, a propósito do anunciado processo de privatização dos estaleiros navais da Cabnave.

Paulo Veiga disse então que o processo de privatização está a ser preparado pela Unidade de Acompanhamento do Setor Empresarial do Estado (UASE), do Ministério das Finanças, e o objetivo é encontrar um parceiro "com conhecimento e especializado no setor" para fazer esses investimentos necessários.

A ideia, prosseguiu o governante, é fazer com que os estaleiros possam ter "uma dimensão mais internacional".

"A Cabnave carece de investimentos neste momento, carece de uma internacionalização, ou pelo menos regionalização, para captar mais receitas", sustentou Paulo Veiga, que esperava que a privatização fosse concluída ainda este ano.

Contudo, face à pandemia de covid-19, o Governo anunciou em meados do ano que o processo de privatizações que estava em curso em Cabo Verde foi suspenso.

Os estaleiros navais estão na lista das 23 empresas públicas que o Governo cabo-verdiano quer reestruturar ou privatizar até 2021, pretendendo arrecadar 90 milhões de euros.

PVJ // VM

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