De acordo com o relatório trimestral de estatísticas do Comércio Externo, do Instituto Nacional de Estatística (INE) cabo-verdiano, este desempenho foi agravado pelo aumento nas importações, que cresceram 31,2% de julho a setembro deste ano, para 25.053 milhões de escudos (227 milhões de euros), face a 2021. Já as exportações caíram 17,8% no terceiro trimestre, em termos homólogos, para 1.254 milhões de escudos (11,4 milhões de euros), enquanto as reexportações cresceram 114,5%, para 8.303 milhões de escudos (75,3 milhões de euros).
Com este desempenho, a balança comercial de Cabo Verde voltou a ser negativa no terceiro trimestre, em 23.799 milhões de escudos (215,7 milhões de euros), contra o défice de 17.575 milhões de escudos (159,3 milhões de euros) no mesmo período de 2021 (+35,4%).
Cabo Verde importa cerca de 80% dos alimentos que consome, segundo dados anteriores do Governo, devido à seca que afetou o arquipélago nos últimos quatro anos, e a produção de 80% da eletricidade ainda é dependente de centrais a combustíveis fósseis, o que obriga à importação de combustíveis refinados.
A balança comercial de Cabo Verde já tinha sido negativa no primeiro trimestre deste ano, em 18.992 milhões de escudos (172,2 milhões de euros), e em 23.117 milhões de escudos (209,6 milhões de euros) no segundo trimestre. Em nove meses, o défice da balança comercial cabo-verdiana ascendeu assim a 65.908 milhões de escudos (597,3 milhões de euros), um aumento de 31% face aos 50.305 milhões de escudos (456 milhões de euros) nos mesmos três trimestres de 2021.
Segundo o INE, no terceiro trimestre de 2022 a Europa manteve-se como "o principal cliente de Cabo Verde", absorvendo 93,7% do total das exportações cabo-verdianas e com Espanha a liderar a lista dos principais clientes do arquipélago, com uma quota de 56,6% do total, seguida da Itália (20,6%) e de Portugal (16,6%).
Os produtos mais exportados por Cabo Verde no terceiro trimestre foram os preparados e conservas de peixes (70,5% do total das vendas), o vestuário (8%) e peixe, crustáceos e moluscos (7%).
O continente europeu continua também a ser o principal fornecedor de Cabo Verde, com um peso de 67% do total, com Portugal a liderar (quota de 42,7%), seguido dos Emirados Árabes Unidos (10,5%), Espanha (8,2%) e China (5,6%).
O arquipélago enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) - desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.
Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsiona pela retoma da procura turística. Para 2022, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, nomeadamente a escalada de preços, o Governo cabo-verdiano baixou em junho a previsão de crescimento de 6% para 4%.
Contudo, o Banco de Cabo Verde anunciou em 28 de outubro uma revisão em alta da previsão de crescimento económico para este ano, para 8,3%, admitindo uma inflação recorde de 8,1%.
A balança comercial de Cabo Verde foi deficitária em todo o ano de 2021 em 71.394 milhões de euros (646,7 milhões de euros, aumentando 10,5% e anulando em 2020, de acordo com dados divulgados anteriormente pelo INE.
Em 2021, as exportações aumentaram 1,3% face a 2020, para 5.169 milhões de escudos (46,8 milhões de euros), e as importações cresceram 9,9%, para 76.563 milhões de escudos (693,6 milhões de euros).
Já as reexportações aumentaram 26,6% face a 2020, para 18.948 milhões de escudos (171,6 milhões de euros).
PVJ // PJA
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