"Nunca vou confessar algo que não fiz [...], a minha detenção durante 19 meses é injusta. Sou inocente. Eles podem abusar de mim. Isto é perseguição política", disse o antigo diplomata chinês e defensor de reformas democráticas no país, numa mensagem enviada esta semana à sua família e apoiantes, e obtida pela emissora de televisão australiana SBS.

O escritor, de 55 anos, que foi formalmente acusado de espionagem em 23 de agosto do ano passado, depois de passar sete meses em local desconhecido, pode enfrentar uma pena que varia entre um mínimo de três anos de prisão e a pena de morte.

A mulher do escritor, Yuan Ruijuan, disse à SBS que o marido "tentou deixar claro que [a acusação de espionagem] não é verdade".

Segundo Yuan, o marido teve acesso a um advogado na quinta-feira, pela primeira vez desde que foi preso, enquanto as autoridades australianas indicaram que realizaram uma visita consular por videoconferência em 31 de agosto.

O comunicado de Yang foi divulgado na mesma semana em que as autoridades chinesas confirmaram que detiveram a apresentadora de televisão sino-australiana Cheng Lei, sob acusações desconhecidas.

A China disse na terça-feira que "atuará de acordo com a lei", em relação à detenção de Cheng Lei.

Segundo a imprensa australiana, as autoridades chinesas detiveram a jornalista da televisão estatal chinesa CCTV em 14 de agosto, em local desconhecido, o que permite isolá-la do exterior e submetê-la a interrogatórios por um período máximo de seis meses.

As prisões de Yang e Cheng põem ainda mais à prova as relações da Austrália com a China, que se deterioraram este ano, depois de Camberra ter apelado a um inquérito sobre a origem da covid-19.

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