"Os Estados Unidos condenam veementemente as sentenças anunciadas hoje em Hong Kong contra 45 defensores da democracia e ex-funcionários eleitos", disse um porta-voz do consulado norte-americano na região semiautónoma chinesa.
"Os arguidos foram agressivamente processados e presos por participarem pacificamente em atividades políticas normais protegidas pela Lei Básica de Hong Kong", acrescentou o porta-voz, referindo-se à miniconstituição do território.
A mesma fonte classificou as sentenças como um retrocesso no respeito e proteção das liberdades civis e direitos políticos em Hong Kong.
Também Taiwan criticou hoje Pequim pela condenação dos 45 ativistas, sublinhando que "a democracia não é um crime".
Taiwan "condena veementemente o uso de medidas judiciais e procedimentos injustos por parte do Governo chinês para suprimir a participação política e a liberdade de expressão dos ativistas pró-democracia em Hong Kong", afirmou Karen Kuo, porta-voz da presidência, em comunicado de imprensa.
Por seu turno, a Austrália disse estar "gravemente preocupada" com a condenação dos 45 ativistas, incluindo de Gordon Ng, que tem nacionalidade australiana e de Hong Kong.
"Este é um momento muito difícil para o senhor Ng, a sua família e os seus apoiantes", disse a ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Penny Wong, que reiterou "fortes objeções" à "continuação da vasta aplicação" da lei de segurança nacional imposta por Pequim em 2020.
Apenas dois dos 47 arguidos foram absolvidos, enquanto os restantes receberam penas que variam entre os quatro anos e dois meses e os dez anos, pena aplicada ao jurista Benny Tai Yiu-ting.
Benny Tai e outros 30 arguidos, incluindo o antigo líder estudantil Joshua Wong Chi-fung e a antiga deputada Claudia Mo Man-ching, tinham-se declarado culpados em maio.
Outros 14 arguidos tinham-se declarado inocentes, entre os quais os ex-deputados Leung Kwok-hung (um antigo marxista conhecido como 'Cabelo Longo'), Lam Cheuk-ting, Helena Wong Pik-wan e Raymond Chan Chi-chuen e a jornalista Gwyneth Ho Kwai-lam.
Este foi até ao momento o maior julgamento ao abrigo da lei de segurança nacional de 2020, com um total de 47 ativistas e políticos.
O Ministério Público acusou-os de tentarem garantir uma maioria legislativa de forma a vetar indiscriminadamente os orçamentos e assim paralisar o governo de Hong Kong e derrubar a então líder da cidade, Carrie Lam Cheng Yuet-ngor.
As primárias de julho de 2020 atraíram cerca de 610 mil pessoas, mais de 13% do eleitorado registado na cidade. Mas o governo adiou as eleições legislativas nesse ano, alegando riscos para a saúde pública durante a pandemia.
VQ (ANC) // CAD
Lusa/Fim
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