
"Estamos atentos, na medida das possibilidades, o Governo intervirá para evitar que possamos vir a ter uma escalada em termos de erosão do poder de compra da parte da população menos procedente e que mais está a sofrer nos últimos quatro anos", disse o também ministro das Finanças, na cidade da Praia.
Além das consequências de três anos consecutivos de seca e de dois anos da pandemia da covid-19, Olavo Correia apontou agora da crise e da guerra na Europa de Leste.
Lembrando que Cabo Verde é um país "tomador de preços", o ministro disse que tem constatado que tem havido um aumento dos preços, quer dos cereais e outros produtos de primeira necessidade, mas também dos combustíveis.
"O Governo está a fazer uma análise global, temos uma equipa que está a trabalhar os vários cenários, para que possamos intervir, evitando que possamos continuar a ter uma erosão do poder de compra da população cabo-verdiana, particularmente da população com menor posse e com menor nível de rendimento", insistiu.
O vice-primeiro-ministro disse que há vários cenários possíveis e que nos próximos dias o Governo vai fazer uma comunicação ao país sobre que medidas vão ser tomadas.
Questionado se haverá alguma medida para evitar que operadores económicos aumentam os preços de produtos que tinham em 'stock' antes da crise provocada pela guerra na Ucrânia, Olavo Correia respondeu que em relação aos preços regulados o Governo tem o poder de intervir.
Mas quanto aos preços livres, disse que a margem do Governo é menor, e intervirá através de políticas públicas para tentar fazer baixar os preços e permitir que não haja a continuação da perda do poder de compra.
Havendo 'dumping' e qualquer atitude que seja lesiva ao funcionamento do mercado, que lesem o quadro legal, o ministro garantiu também que o Governo vai intervir, quer através das entidades de regulação, da Inspeção Geral das Atividades Económicas (IGAE) ou de outras entidades.
"Para que o mercado possa funcionar de forma transparente, de forma equilibrada, mas sobretudo cumprindo com normativos legais e com as regras que imperam no mercado cabo-verdiano", salientou.
Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago - desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.
O país registou em 2020 uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB.
O Governo cabo-verdiano admite que a economia possa ter crescido 7,2% em 2021, impulsionada pela retoma da procura turística, e prevê 6% de crescimento em 2022.
Na terça-feira, Olavo Correia não afastou um cenário de um Orçamento Retificativo em 2022, devido aos impactos na escalada internacional dos preços após o conflito militar na Ucrânia, mas admite que ainda é cedo para uma decisão.
A verificar um Orçamento Retificativo em 2022, repetiria o cenário de 2020 e 2021, então devido aos efeitos económicos e financeiros da pandemia de covid-19.
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