A agência noticiosa oficial estatal Xinhua e o jornal oficial Global Times avançaram com estas informações, horas depois de os jornalistas australianos Bill Birtles e Michael Smith, correspondentes na China da Australian Broadcasting Corporation e da Australian Financial Review, respetivamente, terem confirmado que chegaram em segurança à Austrália, depois de terem escapado da China.

Sem citar qualquer fonte, a Xinhua relata uma operação dos serviços de inteligência australianos, em 26 de junho passado, durante a qual agentes entraram nas casas dos jornalistas chineses "sem motivo legítimo" e interrogaram-nos durante horas.

Os agentes terão confiscado computadores, telemóveis e vários documentos, tendo ainda pedido aos jornalistas que mantivessem o incidente em segredo.

O jornal oficial do Partido Comunista Chinês Global Times, que cita "fontes próximas", "especialistas" e "analistas", todos anónimos, afirmou que "os jornalistas chineses na Austrália cumprem rigorosamente as leis australianas e têm boa conduta profissional".

Trata-se do último episódio numa série de disputas diplomáticas entre a Austrália e a China, que incluiu ainda retaliações a nível comercial.

Na terça-feira as autoridades chinesas confirmaram a prisão em Pequim da jornalista australiana Cheng Lei, funcionária do canal estatal chinês CGTN, por "suspeita de realizar atividades criminosas que colocaram em risco a segurança nacional da China".

No mesmo dia soube-se da saída da China de dois jornalistas australianos, com ajuda de diplomatas, devido ao risco de prisão pelas forças de segurança chinesas, que os consideraram "pessoas de interesse" na investigação a Cheng.

Nos últimos meses, a China endureceu a sua postura em relação às informações sobre o país que diferem da versão oficial do Partido Comunista Chinês.

Só no primeiro semestre do ano, a China expulsou 17 jornalistas estrangeiros. Esta semana, pelo menos mais cinco correspondentes foram informados que as suas credenciais, que são emitidas pelo ministério dos Negócios Estrangeiros da China, não foram renovadas, segundo o Clube de Correspondentes Estrangeiros na China (FCCC, na sigla em inglês).

Os repórteres em questão receberam antes cartas oficiais, que permitem que continuem a residir e trabalhar na China, mas que podem ser revogadas a qualquer momento.

JPI // ROC

Lusa/Fim