
A taxa de fevereiro, principalmente impactada pelos alimentos e bebidas -- com um aumento de 7,5% -, ficou cerca de um ponto acima do que o mercado previa e passou a ser mais elevada no continente americano, superando a Venezuela, cuja inflação no mês passado ficou em 2,9%, segundo o Banco Central venezuelano.
Com os 4,7% de aumento de preços em fevereiro, a Argentina acumula 52,3% nos últimos 12 meses, mesmo quando o Governo aplica controlos de câmbio, de movimento de capitais e de preços de alimentos básicos, mantendo também congeladas as tarifas de serviços públicos.
A Argentina é um dos maiores exportadores de produtos agrícolas cujos preços dispararam a partir da invasão russa na Ucrânia, beneficiando as contas públicas.
O país poderia ser também exportador de energia, porém, devido a uma política energética que congelou tarifas a partir de 2004 -- com exceção do período do Presidente Mauricio Macri (2015-1019) -- a Argentina desincentivou os investimentos, perdeu a autossuficiência em energia e passou a ser importador.
"A Argentina será afetada pelo aumento dos preços das 'commodities' [matérias-primas] energéticas. É verdade que também aumentam as 'commodities' agrícolas, das quais a Argentina é exportadora. Mas o impacto positivo sobre o setor agropecuário é menor do que o impacto negativo sobre o setor energético", explica o consultor de negócios internacionais, Marcelo Elizondo, à Lusa.
"É o contrário da Venezuela, país que praticamente não produz alimentos, mas que se vê beneficiado pelo aumento no barril", acrescenta o especialista.
O Governo argentino acaba de fechar, temporariamente, as exportações de farelo e óleo de soja, produtos que não são consumidos no país, mas dos quais a Argentina é o maior exportador mundial.
O Governo argentino calcula uma inflação entre 38% e 48% neste ano.
MYR // CSJ/MSF
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