
Trata-se de um projeto do Ministério do Ambiente, através do Instituto Nacional de Biodiversidade e Áreas de Conservação, que começa a ser aplicado dentro de dois meses no rio Zenza, na Funda, arredores de Luanda, prevendo a construção de uma represa para permitir a observação e estudo científico da espécie.
De acordo com informação transmitida hoje à Lusa pelo responsável do projeto, Miguel Xavier, do departamento de gestão da biodiversidade daquele instituto, estima-se que existam em Angola pouco mais de cem exemplares, ameaçados por conflitos com os pescadores locais, a quem o Governo angolano pretende recorrer para o processo de contagem e preservação da espécie.
"O número de indivíduos tende a declinar. Em zonas em que aparecia um grupo de 15 agora não há nenhum registo", admitiu o responsável, recordando que os manatins partilham o meio com jacarés, crocodilos e hipopótamos, sendo o homem, pelas redes de pesca nos rios, em caça organizada ou por conflitos na disputa do peixe, a principal ameaça.
Em Angola, o manatim já foi avistado em pelo menos seis rios, sendo o país o ponto mais a sul em que esta espécie está presente no continente africano, o que também propiciou a criação de uma zona de proteção na área do Parque Nacional da Quiçama, nos arredores de Luanda.
Apesar de estar em risco de extinção em Angola, o manatim foi encontrado no rio Zenza apenas em 2015, sendo este, hoje, o ponto principal de concentração da espécie em Angola e local escolhido para instalar o santuário para observação, que ocupará uma área equivalente a um campo de futebol.
"Ainda este ano teremos este santuário e será possível às pessoas observá-lo, numa área restrita, já que de outra forma é muito difícil ser avistado. A escolha do rio Zenza é porque não é muito utilizado para pescar", explicou Miguel Xavier.
Pelo seu aspeto e constituição física, de focinho alongado, o manatim é normalmente associado a mitos locais, o que acontece igualmente em Angola: "Os pescadores antigos quando viam um animal tão grande dentro da água achavam estranho. Era um peixe, com membros anteriores reduzidos e os posteriores adaptaram-se a barbatanas, mas como mamífero tinha mamilos. Em Angola é chamado 'peixe-mulher'", recordou o especialista.
Também conhecido localmente como foca de água, em Angola já chegou a ser identificado um individuo com 3,80 metros de comprimento. Os manatins podem pesar entre 400 e 1.000 quilos.
PVJ//JMR
Lusa/Fim
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