"A corrupção de facto existe, não só na Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) como também na Funai. Estamos a fazer um grupo de trabalho, a auditar todos os contratos da Funai, e o ministro da Saúde também está a seguir a direção, auditando todos os contratos da Sesai. Senadores e deputados, eu surpreendo-me com cada caixinha que eu abro naquela Funai", disse a ministra, citada pela imprensa brasileira.

A governante admitiu ainda que irá rever o trabalho de várias organizações não-governamentais (ONG), através de uma "auditoria profunda".

"Nós vamos rever todos os contratos com ONG que estão na Funai. E nós vamos ver o que é sério e o que não é sério. Se tiver alguma ONG cometendo alguma irregularidade, sairá da Funai. Mas isso não vai acontecer só na Funai. É uma tendência do Governo Bolsonaro, rever o contrato com todas as ONG no Brasil", disse a ministra, aos jornalistas, após a sessão.

Segundo Damares, o ministro da Saúde, Luiz Mandetta, também está a analisar as organizações indígenas: "Ele está a ver todos os contratos, revendo, e eu acho que brevemente teremos algumas respostas em relação à Sesai e à Funai", afirmou.

A Funai, que está agora sob a alçada Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), defende que deveria voltar a ser integrada na pasta da Justiça, afirmando que os "compromissos com o agronegócio" falaram mais alto no Governo do Presidente Jair Bolsonaro.

"O Ministério da Justiça é o órgão que está preparado e que tem a estrutura necessária para fazer os estudos e para poder fazer a demarcação das terras indígenas. Aqui no MAPA há um compromisso com o agronegócio. Então, entendemos que não é apenas uma transferência, mas sim uma decisão política de negar o direito territorial, impedindo as demarcações das terras", afirmou aos jornalistas a responsável da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Sónia Guajajara, no mês passado.

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