Em comunicado, a JLL destaca que, "depois de um arranque de ano mais tímido", o investimento imobiliário no acumulado do ano "fica 43% acima do registado no mesmo período de 2021 e vem reforçar as boas perspetivas traçadas para 2022, já que, a três meses do final, está a apenas 100 milhões de euros de igualar dos 2.020 milhões investidos na totalidade do ano passado".

"As expectativas são para que atividade supere em pelo menos 25% o resultado de 2021, apesar de se antecipar alguma revisão no valor dos ativos nos próximos meses e consequentes ajustes em alguns preços", acrescenta.

Segundo o estudo 'Market Pulse' da JLL, "apesar do agravamento das condições macroeconómicas e da maior incerteza a nível internacional, o mercado imobiliário português continuou a exibir um forte desempenho no terceiro trimestre de 2022, registando subidas em praticamente todos os segmentos".

Assim, também o turismo "continuou a recuperar a bom ritmo": "No final do terceiro trimestre de 2022, os principais indicadores de performance não só superam largamente os níveis de atividade registados nos dois últimos anos como, na maioria dos casos, já tinham recuperado para patamares muito próximos de 2019, ano que marcou novos recordes neste mercado", refere.

De acordo com a JLL, a atividade turística está "cada vez mais próxima do ano recorde de 2019, com a ADR [rendimento médio por quarto ocupado] a ultrapassar já o anterior pico em Lisboa e no Porto".

Quanto ao mercado residencial, "sustentado pelo continuado desajuste entre a oferta disponível e a procura, também continuou a exibir um desempenho resiliente no terceiro trimestre, com preços que continuam a subir e uma estabilização nas vendas".

"A procura está ativa quer por parte dos nacionais quer dos internacionais, absorvendo rapidamente a oferta nova que vai chegando, patente no número crescente de unidades pré-reservadas no momento do lançamento dos projetos", aponta o estudo.

Contudo, nota a consultora, "atendendo aos desenvolvimentos macroeconómicos, nos próximos meses é expectável que possa vir a acontecer alguma retração natural neste mercado, quer em termos de absorção, quer no que respeita a um ajustamento de preços, sendo que este último deverá ocorrer sobretudo em zonas secundárias e onde o produto é menos diferenciado".

Já no mercado de escritórios, a atividade ocupacional soma mais de 293.000 metros quadrados nos primeiros nove meses do ano, no conjunto de Lisboa e Porto.

"Na capital, a um trimestre do final do ano já foi superado o recorde histórico de absorção registado em 2008, com os atuais 248.000 metros quadrados a confirmarem que 2022 será um ano sem precedentes para o setor", refere a JLL.

Quanto ao Porto, "a absorção até ao final de setembro atingiu 45.230 metros quadrados" avança, referindo que "a procura por grandes áreas, superiores a 1.000 metros quadrados, continua fortemente ativa, com muitas empresas a optarem por pré-arrendar os seus futuros escritórios entre os projetos atualmente em construção, de modo a garantir a ocupação de espaços mais qualificados e em conformidade com os seus critérios de sustentabilidade".

No que se refere ao retalho, "fortemente alavancado pela recuperação do turismo", continua "a fortalecer a sua atividade de forma transversal a todos os formatos, patente num 'footfall' [transações e tráfego] vigoroso quer nos centros comerciais, quer no comércio de rua".

"Retomando os seus planos de expansão, as marcas mostram-se focadas em garantir espaços nas principais localizações do mercado, enfrentando, contudo, alguns constrangimentos impostos pela escassez de oferta disponível", aponta o estudo.

Segundo a consultora, "apesar do aumento dos preços no consumidor, as perspetivas para as vendas a retalho mantém-se otimistas até ao final do ano, com destaque para os centros comerciais prime, 'retail parks' e 'stand alone', que estão a registar uma performance positiva sustentada pela chegada da época festiva".

Finalmente, no mercado industrial e logístico, a JLL refere que "a falta de oferta nova e de qualidade continua a travar um maior crescimento da atividade ocupacional que, ainda assim, já soma 323.000 metros quadrados".

"O terceiro trimestre foi especialmente dinâmico neste setor, contribuindo com cerca de 50% para a área ocupada no acumulado do ano, cerca de 163.000 metros quadrados", detalha.

Segundo refere, "o volume de procura por satisfazer continua, no entanto, a ser substancial nesta fase, fazendo com que continuem a ser anunciados novos projetos de promoção, onde é clara uma aposta na qualificação da oferta e na sustentabilidade ambiental".

"Contudo -- acrescenta -- a subida dos custos de construção tem vindo a impactar negativamente a calendarização inicial prevista para a conclusão do novo 'stock', o que continuará a dificultar a resposta à procura existente".

Citado no comunicado, o presidente executivo (CEO) da JLL Portugal considera que "o mercado imobiliário português continua a evoluir de forma muito positiva, apesar da conjuntura e condições macroeconómicas, registando crescimentos significativos em praticamente todos os segmentos transacionais, comprovando não só a sua resiliência, mas também porque é uma das classes de ativos preferidas para o investimento".

"O terceiro trimestre não foi exceção e, tendo em conta todos os processos atualmente em curso e os contactos que diariamente chegam até à JLL, não há dúvida que 2022 poderá ser um dos melhores anos de sempre para o setor", afirma Pedro Lancaster.

Ainda assim o CEO aponta os "muitos desafios pela frente devido ao contexto económico": "Sem dúvida que prevemos um abrandamento de absorção e revisão de preços em diversos segmentos, mas o principal impacto deverá ser sentido sobretudo ao longo do próximo ano. Isto porque, apesar da crescente inflação e do aumento das taxas de juro, com a correspondente queda no poder de compra das famílias e capacidade financeira das empresas, a taxa de desemprego está em mínimos históricos e os níveis de poupança estão elevados", refere.

"Além disso, mesmo com estes fatores a afetarem potencialmente a dinâmica da procura, estamos num momento de mercado onde a oferta é claramente insuficiente nos mais diversos segmentos. Ou seja, mesmo sendo bastante adverso, o contexto macroeconómico não será, para já, suficiente para travar a procura de tal forma que os volumes de oferta existentes sejam suficientes para lhe responder", conclui.

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