A auditoria, defendeu o deputado da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) Marito Mota, no plenário, deve ainda abranger a petrolífera Timor Gap, o regulador Autoridade Nacional de Petróleo e Minerais (ANPM), o Instituto de Petróleo e o Instituto de Petróleo e Geologia (IPG).

"A bancada da Fretilin, e com todo o respeito, pede ao Sr. Xanana Gusmão, pela sua reputação, pela sua integridade política e demonstração de boa governação, que escreva um pedido à Câmara de Contas para realizar uma auditoria financeira ao desempenho de todo o setor petrolífero, ao desempenho durante a sua liderança nas funções como representante especial do Governo, para as questões da fronteira marítima e desenvolvimento do projeto da costa sul", disse hoje o deputado Marito Mota.

O partido considera que "seria melhor que fosse o sr. Xanana Gusmão, ele próprio a pedir à Câmara de Contas para realizar uma auditoria financeira, do que depois ser o Ministro do Petróleo e Recursos Naturais a pedir tal auditoria, evitando assim especulações de vingança política".

Marito Mota saudou o facto de Xanana Gusmão ter resignado como representante especial do Governo para as fronteiras marítimas com a Austrália e para o projeto dos poços do Greater Sunrise, no Mar de Timor.

Um "ato político positivo" que se enquadra no facto de o partido de Xanana Gusmão, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) ter deixado de fazer parte do atual executivo.

O partido referiu-se ao "vultuoso orçamento" atribuído ao Gabinete das Fronteiras Marítimas, cujo valor total e a forma como foi utilizado ainda "não são do conhecimento do Parlamento Nacional".

A Fretilin defende que os líderes devem demonstrar "integridade moral, integridade política, económica e financeira" e que a geração fundadora do Estado deve deixar "uma herança política boa e sadia para as gerações vindouras".

"A geração que irá continuar a obra da independência, do desenvolvimento da nossa amada pátria de modo a atingir a verdadeira Independência, no combate à pobreza e erradicação da miséria e do obscurantismo", considera.

Em caso de eventuais obstáculos jurídicos, devido à resignação de Xanana Gusmão, que o impeçam de fazer tal pedido, o Parlamento Nacional "deve procurar uma solução e antecipar o pedido para que a auditoria ao desempenho seja realizada", defende a Fretilin.

Na intervenção, o deputado deu como exemplo a ação do ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri (secretário-geral da Fretilin), que quando liderou o sétimo Governo pediu à Câmara de Contas uma auditoria à Região Administração Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA), que ele próprio liderou.

"Este é um exemplo de transparência e de boa governação. Exemplo de liderança, de integridade política, de integridade moral, económica e financeira, de que devem ser seguidos por todos os cidadãos que assumem cargos políticos", afirmou.

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