Depois de três semanas à procura de um porto seguro em Itália, o Ocean Viking chegou ao cais em França por volta das 08:50 (07:50 em Lisboa).

Em conferência de imprensa na quinta-feira realizada em Paris, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, afirmou que a França decidiu acolher "a título excecional" o navio humanitário 'Ocean Viking', com 234 migrantes resgatados no Mediterrâneo, mas vai adotar sanções contra Itália pela recusa de receber o barco e quer que a União Europeia faça o mesmo.

Além da "suspensão com efeitos imediatos" do acolhimento de 3.500 refugiados, França vai reforçar os controlos fronteiriços com Itália, afirmou o ministro.

"O Governo italiano é quem perde", considerou, reiterando que "haverá consequências extremamente fortes no relacionamento bilateral" entre os dois países e no relacionamento de Itália com a União Europeia.

Os 3.500 migrantes que deveriam ser transferidos, no próximo verão, de Itália para França faziam parte de um acordo no âmbito do mecanismo europeu para deslocalização noutros países europeus de refugiados que chegam aos principais países recetores, nomeadamente Itália.

Gerald Darmanin defendeu ainda que "todos os outros participantes [neste mecanismo], em particular a Alemanha", suspendam também o acolhimento previsto de refugiados atualmente em Itália.

O navio, da organização não-governamental (ONG) europeia SOS Méditerranée, com bandeira norueguesa, estava há 19 dias no mar, com 234 migrantes, não tendo recebido autorização das autoridades italianas para desembarcar no país.

Segundo alertou a ONG na segunda-feira, a situação a bordo era já "insuportável", já que os migrantes apresentam "sinais significativos de ansiedade e depressão".

De acordo com o ministro do Interior, um terço dos passageiros será realojado em território francês, mas os que não cumprirem os critérios para serem requerentes de asilo "serão devolvidos diretamente".

O novo Governo de extrema-direita de Itália, liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, acusa as organizações humanitárias que resgatam migrantes no mar de encorajarem o fenómeno migratório, pelo que decidiu não autorizar ou não responder aos seus pedidos para atracar em portos italianos.

Vários navios com centenas de migrantes mantiveram-se, durante dias, ao largo da costa italiana, apesar da degradação do estado de saúde dos passageiros.

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