Em declarações à agência Lusa, o dirigente afirmou que "já há uns tempos que existe um descontentamento em relação a opções que têm sido feitas" e demonstradas internamente "de uma forma até bastante clara, em vários órgãos".

E considerou que, "com estes resultados", que "não são minimamente positivos", uma "coisa é clara".

"Têm de ser apuradas as devidas responsabilidades de uma forma madura, com muita maturidade e com elevação, mas os filiados têm de ter também uma palavra a dizer", defendeu.

Na opinião de Nelson Silva, esta "reflexão não se pode circunscrever única e exclusivamente aos órgãos diretivos", e deve passar também pelas estruturas locais.

O membro da Comissão Política Permanente (órgãos mais restrito e de direção política) e da Comissão Política Nacional (órgão alargado de direção) defendeu ainda a possibilidade de um congresso extraordinário eletivo "para legitimar essa discussão".

"Se queremos que seja feito um debate interno sério, uma reflexão séria e para definir o futuro do partido é importante que esteja tudo em cima da mesa, incluindo um congresso eletivo", salientou.

Sustentando que "há necessidade de fazer uma catarse", o deputado advogou que "não há sitio melhor senão um congresso".

De acordo com o dirigente, "há bastantes distritais e concelhias" que subscrevem esta opinião.

Nas eleições legislativas de domingo, o Pessoas-Animais-Natureza foi o oitavo partido mais votado, com 1,53% e 82.250 votos, depois de nas últimas eleições legislativas, em 2019, ter alcançado 3,32% (174.511 votos) e eleito quatro deputados.

No domingo, o partido perdeu o grupo parlamentar e volta a estar representado na Assembleia da República com deputado único, porque só conseguiu eleger a porta-voz, Inês Sousa Real, por Lisboa.

Nelson Silva entrou no parlamento em meados do ano passado, após a saída do anterior porta-voz, André Silva, e nestas eleições foi "número dois" da lista por Lisboa, tendo falhado a eleição.

Na reação aos resultados, já de madrugada, a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, assumiu o "mau resultado" alcançado pelo partido nas eleições legislativas de domingo e adiantou que a direção vai ter que fazer uma "reflexão interna" sobre a estratégia.

Questionada sobre se sente condições para continuar na liderança do partido, Inês de Sousa Real indicou que ela própria vai "convocar esse mesmo momento de reflexão" junto da direção nacional do PAN.

A porta-voz do partido lembrou que esta direção tomou posse há "sete meses" e que ainda não teve tempo para desenvolver o seu trabalho, recusando que os elementos da estrutura estejam "agarrados, de maneira nenhuma, a esta representação do partido".

"Cabe aos filiados do partido e ao partido decidir sobre qual é o rumo que querem para o PAN e eu estarei sempre disponível para as nossas causas", realçou.

FM (SM) // JPS

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