A SAD ‘azul e branca’ tinha anunciado hoje a cooptação de José Pereira da Costa para a administração da sociedade, mas a candidatura de Villas-Boas negou, pouco depois, essa decisão, por a administração não ter aceitado dar “poderes reforçados” ao administrador financeiro escolhido pelo recém-eleito presidente do clube.
“Continuamos num impasse em relação à cooptação da nossa administração, porque nenhum dos administradores da SAD quer renunciar ao seu posto e nós só entraremos na administração da SAD se tivermos poder total executivo e de veto”, disse Villas-Boas, antes do encontro entre o FC Porto e o Desportivo de Chaves, da I Liga de futebol.
Assim, o antigo treinador garante que não podem “estar reféns de uma comissão executiva que possa assinar e ditar atos de gestão” com um dos seus membros já dentro da administração, assegurando que só vão entrar com “renúncia dos atuais membros ou poder total executivo e com poder de veto” de José Pereira da Costa.
Villas-Boas considerou que este é “um arrastar de uma situação que não se justifica”, porque se está a “adiar tudo o que são decisões estruturantes, como a construção da equipa de futebol feminino, a construção provavelmente de uma nova modalidade, renovações de plantel, decisões estruturantes relativamente à academia, e depois todas as decisões que têm a ver com a sociedade desportiva e com o Grupo FC Porto”.
“Tudo isto é muito triste, ninguém quer afastar as pessoas de forma abrupta, agora o resultado eleitoral foi expressivo. Disse recentemente que se pedia humildade aos elementos da administração para renunciarem ao seu cargo, assim foi também nos clubes rivais, em que as pessoas souberam entender a vontade dos sócios, e aqui a sociedade desportiva não está a entender a vontade dos sócios e está a atrasar prazos, tal como o presidente da SAD que já podia ter chamado em antecipação essa Assembleia Geral de substituição dos órgãos sociais”, referiu.
Villas-Boas diz que não se trata de “romper com o passado, trata-se de acelerar o novo processo de vida do FC Porto e que há muito foi traçado pelos sócios”.
“O FC Porto está unido, estamos é num impasse jurídico, burocrático que não se justifica. Apela-se à humildade das pessoas para renunciarem aos seus cargos, porque os órgãos da SAD já estão em gestão desde o dia 31 de dezembro de 2023 e já anunciaram a sua saída, alguns deles, há muito tempo. Na nossa ótica é uma falta de respeito para com os associados do FC Porto”, lamentou.
Segundo Villas-Boas, o acelerar da passagem de pastas não vai impedir a presença do ainda presidente Pinto da Costa, na final da Taça de Portugal, frente ao Sporting, em 26 de maio, no Estádio Nacional.
“Todos temos um respeito enorme pelo presidente, ninguém se importa que esteja presente na final da Taça, estaria sempre como presidente honorário se fosse esse o caso, teríamos muito gosto em convidá-lo”, assegurou.
O primeiro passo da transição entre a atual e a futura administração da FC Porto SAD iria, segundo os ‘dragões’, coincidir com a investidura dos novos órgãos sociais do clube rumo ao quadriénio 2024-2028, numa sessão aprazada para terça-feira, às 12:00, no Estádio do Dragão, no Porto.
André Villas-Boas tornou-se o 34.º presidente da história do FC Porto, ao somar 21.489 votos (80,28%) para se superiorizar há uma semana nas eleições dos órgãos sociais do clube, interrompendo uma sequência de 15 mandatos e 42 anos de Pinto da Costa, que acumulou 5.224 (19,52%), com o empresário e professor Nuno Lobo a somar 53 (0,2%).
O ato eleitoral mais participado de sempre dos ‘dragões’ teve com a afluência de 26.876 associados ao Estádio do Dragão, tendo também havido 73 votos em branco e 37 nulos.
A inédita eleição de André Villas-Boas, de 46 anos, implica o fim do ‘reinado’ presidencial de Pinto da Costa, de 86 anos, que já comandava o FC Porto desde 17 de abril de 1982, tornando-se, desde então, o dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial.
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