"Estou 100% confiante, devido à guerra que o meu povo está a travar: estão à procura de um movimento, estão à procura de mudança, estão à procura de emprego. Por isso é que existe muita confiança de que toda a gente jovem vá votar no partido dos Verdes, no partido dos Verdes de Timor-Leste", explicou à Lusa.

"Estas pessoas trabalham muito para garantir comida (...), para as mulheres, para os filhos, e é por isso que estamos aqui. É tudo sobre a luta pela criação de empregos, é tudo sobre emprego, emprego e emprego. É por isso que estamos a lutar", vincou.

Lela Huno Cruz, que interrompeu durante alguns minutos o comício do PVT em Tasi Tolu para fazer curtas declarações à Lusa -- foi pedido silêncio aos apoiantes para dar "uma entrevista para Portugal" -- disse que a população timorense luta, hoje, pela mudança.

Momentos antes, no mesmo palco, liderou um minuto de silêncio a recordar os mortos: "lutaram para que possamos estar hoje em liberdade".

Cruz chegou ao comício montado num jipe descapotável verde. Na cabeça um 'akubra' castanho escuro, o tradicional chapéu australiano, óculos escuros espelhados e uma camisola preta com símbolos da tradição timorense, incluindo uma casa sagrada e um 'kaibauk', um ornamento usado pelos chefes tradicionais, em formato de chifres de búfalo.

"O partido dos Verdes neste momento de transição, defende a criação de emprego para os jovens, esta é uma das maiores plataformas pela qual vamos lutar no próximo Governo", explicou.

Colados ao pequeno palco de formato em 'T', estreito, que abana constantemente e que lhes chega pela cabeça, jovens saltam no 'mosh', cantando com as batidas de afro-house com que uma DJ anima a multidão.

As tonalidades dos sons luso-africanos e latinos são uma constante no espaço cultural timorense, incluindo nas campanhas onde os jovens pedem a música do partido, ou os temas que mais se ouvem nos bares e nos 'karaokes'.

A compasso com as batidas mais fortes dos baixos que ecoam no recinto de Tasi Tolu, repetem quase de forma constante o grito do partido, que é também o dos 77, o grupo de artes rituais que o apoia: "Mate sete".

Um termo que, para uns, representa a tatuagem de sete pontos que os membros têm nos dois antebraços, para outros é uma interpretação da palavra 'matan' ou olhos em tétum, (sete olhos) e, para outros ainda traduz a expressão 'manu aman Timor', o pai galo de Timor.

Explicações complexas para uma organização que alguns membros garantem ter tido origem ainda no tempo da ocupação indonésia, mas que outros, insistem, surgiu e consolidou-se apenas depois da restauração da independência, especialmente nos últimos anos.

Pouco depois do arranque da campanha, em entrevista à Lusa, o próprio Lela Huno Cruz garantia que os 77 são antigos.

"O grupo 77 de artes rituais e culturais existe desde o tempo da ocupação indonésia. São grupos da resistência. Eu sou membro do 77 desde 1996 e agora estou a trabalhar para convencer a família das artes culturais para a prática ecológica, ligada à natureza, aos princípios de preservar ambiente", explicou.

Braços no ar, em cada mão o polegar e o indicador esticado -- a representar os dois 'setes', mas também uma pistola -, os jovens vibram e dançam, sendo praticamente impossível distinguir as referências ao grupo de artes rituais e as referências ao partido.

Se o grosso dos 77 está integrado no PVT, nem todos os membros da organização, que se define como de 'artes rituais', estão no partido, com apoios divididos por outras forças políticas, incluindo as duas maiores do país, Fretilin e CNRT.

"O 77 é uma das artes marciais culturais do nosso país, é património cultural, por isso pertence aos Verdes, porque o Partido os Verdes luta pela sabedoria ecológica, luta pelo natural, luta pelo ambiente, pelo que este é um grande compromisso de conexão com o partido", explicou hoje.

A campanha termina no dia 18 de maio.

 

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