"O aumento geral dos salários, um aumento significativo, é a grande emergência nacional que responde a tudo. Responde ao problema do aumento do custo de vida, responde à brutalidade dos problemas que enfrentamos na habitação, com tudo o que isso implica", disse Paulo Raimundo.

"Essa é a questão central a que é preciso dar resposta. E essa resposta vai ser dada pela luta dos trabalhadores, mas também pela nossa pressão política, que é isso que andamos a procurar fazer", acrescentou o líder comunista.

Paulo Raimundo começou por se referir, como exemplo, à cimenteira da Secil, no concelho de Setúbal, uma empresa com "100 milhões de euros de lucros nos últimos cinco anos", mas na qual é preciso "que o dinheiro seja melhor distribuído".

"Ainda bem que há dinheiro, é sinal de que a empresa está a produzir, é sinal de que está a fazer negócio. Está tudo certo. O que não está certo, é que os salários estão baixos. Essa é a grande questão. Uma empresa destas, nos últimos cinco anos com 100 milhões de euros de lucros, é positivo, mas é preciso que [o dinheiro] seja melhor distribuído. E isto é válido para a Secil, como é válido para todas as todas as empresas, para todos os setores", disse.

"Estamos aqui a reivindicar isso mesmo, mais salários, melhores condições de trabalho, melhores condições para cada um, mas também a pedir o voto para o PCP e para CDU, aliás, um voto que vai ser determinante para o dia seguinte às eleições [legislativas de 10 de março]", reconheceu Paulo Raimundo.

Confrontado com a possibilidade de uma nova "geringonça", que o candidato à liderança do PS Pedro Nuno Santos deixou terça-feira em aberto em entrevista à CNN Portugal, o secretário-geral do PCP reafirmou a ideia de que o problema não é a forma, mas o conteúdo das propostas políticas.

"Eu percebo a pergunta, percebo o interesse jornalístico e até o esforço para nós reduzimos tudo ao problema da forma, mas o problema não está na forma, está no conteúdo. Qual é a política, quais são as opções políticas, essa é que é a grande questão", disse.

"A forma não vale nada se não houver conteúdo. E o conteúdo da opção do Partido Socialista foi esta que nos trouxe até aqui nos últimos dois anos: 25 milhões de euros de lucros por dia dos grupos económicos e três milhões de trabalhadores com menos de 1.000 euros de salário bruto por mês. Essa é que é a opção do Partido Socialista, que ficou bem clara, se dúvidas houvesse, nos últimos dois anos", frisou o líder comunista.

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