"O partido está mais confiante agora em relação a situações anteriores. Esta eleição está muito marcada pela necessidade de uma mudança para o futuro. E, por isso mesmo, sentimos que o partido possivelmente irá ganhar, ou [garantir o] segundo ou terceiro lugar", disse António da Conceição à Lusa.

"Nós estamos abertos a uma futura governação. Contudo, temos de esperar pelo resultado. A posição política do Partido Democrático é que temos de dinamizar a política deste país e temos de repor a normalidade da situação política (...) e também temos de manter a estabilidade (...) governativa", considerou.

Conceição falava à Lusa no comício do partido em Díli, que decorreu em Tasi Tolo, e onde milhares de pessoas vindas de todos os postos administrativos do município se concentraram para ouvir os principais dirigentes da força política.

Entre as mensagens, a defesa de melhores políticas económicas, de melhores serviços públicos, de melhorias em setores como a agricultura e de reforço das condições de vida da população, incluindo na melhoria de rendimentos de trabalhadores.

A nível político, Conceição vinca a defesa de uma "política mais aberta", que passa, sublinha, por o partido vencedor das eleições "ter um pensamento de conceber a unidade nacional do país", unindo as várias forças políticas.

Depois de alguns anos de instabilidade, o número dois do PD considera que é essencial "repor a normalidade da situação política deste país", ingrediente essencial para "dar continuidade ao desenvolvimento (...) institucional, (...) da economia, (...) das infraestruturas e o desenvolvimento social e cultural".

Tradicionalmente do arco de governação -- elementos do PD estiveram em vários Governos liderados pelas duas maiores forças políticas, Fretilin e CNRT -, o partido é um dos mais consolidados e organizados do país.

Isso evidenciou-se no próprio comício, com várias estruturas do PD 'representadas' desde a 'banda democrática', ao 'agricultor democrático' ou a 'guarda democrática', fardada que ajudou a organizar o estacionamento de motas e carros no recinto e a manter a segurança em torno do palco e das duas tribunas de honra.

Em recente entrevista à Lusa, Antonio da Conceição admite que a divisão interna se centrou, em parte, na postura de um bloco que favorecia aproximação à Fretilin (o PD acabou por fazer parte do Governo minoritário liderado pela Fretilin que caiu em 2018), e de outro que queria manter os vínculos ao CNRT, de Xanana Gusmão, com quem o PD já esteve no Governo.

Esse reforço interno, explicam os dirigentes do PD, poderá ajudar a travar a tendência de descida no apoio ao partido e a recuperar duas ou três cadeiras perdidas em legislativas anteriores, tornando-o, assim, incontornável como parceiro de um futuro Governo.

Um dos partidos mais antigos desde o referendo da independência de Timor-Leste, o PD tem sido uma das presenças constantes no Parlamento Nacional, tendo sido mesmo uma das forças políticas que contribuiu para o desenho da Constituição, com sete elementos entre os 88 da Assembleia Constituinte (altura em que foi mesmo a segunda força do país, com 31.680 votos ou 8,72%).

Na eleição de 2007, o PD foi a quarta força política mais votada, com 46.946 votos (11,3%) e cinco anos depois tornou-se a terceira força em apoio eleitoral, com 48.579 votos (10,3%), atrás do recém-criado Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão, e da Fretilin.

Em 2017 o PD passou para quarta força política, atrás da Fretilin, CNRT e do estreante Partido Libertação Popular (PLP), do atual primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, conseguindo 55.608 votos (10,58%).

Finalmente, nas antecipadas de 2018, o PD foi a terceira força mais votada com 50.034 votos (8,03%), atrás da coligação AMP (que integrava o CNRT, PLP e KHUNTO) e da Fretilin.

A campanha termina na quinta-feira.

 

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