?Estamos preocupados com a infiltração de criminosos no nosso seio. Não podemos continuar a ter casos de assaltos à mão armada, raptos, violações, perpetradas por alguns indivíduos que ingressam no Serviço Nacional de Investigação Criminal [Sernic]", disse Beatriz Buchili, durante a reunião anual entre as duas entidades ocorrida hoje em Maputo.

Para a procuradora-geral moçambicana, as estratégias de seleção de quadros devem ser reformuladas a partir de critérios "concretos e objetivos", baseando-se em fundamentos de uma polícia criminal de natureza científica.

"É momento de trazermos ações concretas para reverter as situações anteriormente descritas, imprimindo novos mecanismos de seleção dos nossos quadros com maior rigor e controlo nos concursos de ingresso", frisou Beatriz Buchili.

"O criminoso, para atingir os seus fins e encobrir os seus atos perante as autoridades, infiltra-se nas instituições para melhor controlo das investigações que são efetuadas. Este é o `modus operandi´ de toda a criminalidade organizada", acrescentou.

Por sua vez, a ministra do Interior de Moçambique, Arsénia Massingue, disse que a "reinvenção" do Sernic passa pelo compromisso individual de cada agente, de quem se deve exigir "profissionalismo e busca permanente de novas abordagens".

?O cidadão deve sentir-se orgulhoso das nossas ações. Para tal, devemos estimular, em particular, os bons princípios de atuação e criar confiança nele para que haja maior colaboração no processo de investigação e instrução criminal", declarou a governante.

A reunião entre a PGR e o Sernic termina na quarta-feira e é convocada anualmente para melhorar a articulação entre as duas entidades, bem como promover uma reflexão em torno da elaboração do Plano Estratégico para a polícia de investigação criminal nos próximos anos.

A reunião de dois dias ocorre num momento em que o Sernic tem como principal desafio a onda de raptos que assola o país.

Após um período de relativa acalmia, as cidades moçambicanas, principalmente a capital do país, voltaram a ser assoladas desde 2020 por uma onda de raptos, visando principalmente empresários ou seus familiares.

Em novembro de 2021, a Polícia da República de Moçambique lançou a formação de uma força mista para responder a este tipo de crime, um grupo de oficiais que vão ser capacitados por especialistas ruandeses durante seis meses.

EYAC // VM

Lusa/Fim