"Todos os são-tomenses esperam deste Governo muito trabalho e soluções para os problemas que enfrentamos e penso que esta equipa está pronta para, desde agora e depois de terem recebido as pastas, começarmos a trabalhar", afirmou Patrice Trovoada, após a cerimónia de posse dos membros do XVIII Governo de São Tomé e Príncipe, que decorreu na sede da Presidência da República.
O Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova, nomeou no sábado o XVIII Governo do arquipélago, que será composto por 11 ministros, quatro mulheres e sete homens, liderado por Patrice Trovoada (Ação Democrática Independente, ADI), que assumiu o cargo pela quarta vez, depois de 2008, 2010-2012 e 2024-2018.
"Esta equipa foi pensada exatamente para responder aos desafios do país", comentou Patrice Trovoada.
"Podíamos ter 20 ministérios, mas toda a gente sabe quais são as condições financeiras do nosso estado atual. Haverá outras medidas que vão indicar de facto que nós temos muito cuidado em controlar as despesas e também controlar as receitas, por isso é que o Governo é um Governo pequeno, 10 ministérios, 11 ministros e a situação manda realmente nós tentarmos conter as despesas", disse o primeiro-ministro.
Patrice Trovoada justificou também a ausência de algumas áreas, como o Turismo, na nomenclatura dos ministérios, referindo que os ministérios criados abarcam "uma série de setores e haverá pontos de concentração" que estarão refletidos na orgânica do executivo.
O novo Governo realizará hoje a sua primeira sessão do Conselho de Ministros para anunciar as primeiras medidas que, segundo Patrice Trovoada, resultam de "uma ponderação".
Por isso, justificou, "não haverá hoje decisões espetaculares", mas haverá "uma ou outra decisão forte", e quando o executivo entrar "na velocidade cruzeiro", mudará aquilo que for necessário.
"Nós vamos hoje tomar conhecimento de factos reais. Vamos entrar dentro dos dados que existem, os que não existem, mas o que é preciso perceber é que onde for necessário nós tocarmos, tocaremos, mas será de uma maneira fundamental", explicou o chefe do executivo são-tomense.
"Nós conhecemos qual é a capacidade da nossa administração, nós conhecemos quais são os constrangimentos, nós somos um país democrático, a alternância não poderá desta vez constituir simplesmente que uns saem para que outros entrem", disse Patrice Trovoda.
O primeiro-ministro disse que o seu executivo vai "obedecer às regras" e "ter alguma cautela" porque quer "conservar todos os melhores quadros" que existem no país e ao mesmo tempo "dar oportunidades também a outras pessoas".
Trovoada justificou a manutenção do ministro da Defesa Nacional do Governo cessante, Jorge Amado (ex-líder do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe), - e que agora ocupa também a pasta da Ordem Interna - como sinal da abertura que prometeu durante a campanha eleitoral e por este ter a sua confiança e ser da confiança do Presidente da República, por se tratar de "um setor que é de certa maneira partilhado".
"Quanto ao seu desempenho no Governo anterior, acho que há uma satisfação geral, por isso tal como eu disse, é um governo aberto, não só do ADI", precisou Patrice Trovoada.
O novo Governo integra sete homens e quatro mulheres e um novo Ministério dos Direitos da Mulher, tutelado por Maria Milagre.
Patrice Trovoada disse que considera que "as mulheres, nomeadamente as mulheres são-tomenses, são os pilares da família", por isso este ministério é um reconhecimento de que "é preciso fazer mais e melhor para as mulheres".
"Não basta só convenções internacionais a que aderimos, não basta só toda uma produção legislativa, mas as mulheres têm que sentir que na prática a sua situação está a melhorar e que este Governo vai de uma maneira transversal colocar e resolver as questões do dia-a-dia, as preocupações das mulheres, as questões de literacia financeira das 'palaiês' [vendedoras de peixe], as questões de acesso ao crédito, empreendedorismo, evidentemente a violência familiar, enfim, colocar as mulheres como o centro, o pilar da família", explicou.
No novo Governo de Patrice Trovoada, quase todos os ministros são novos em relação ao executivo que chefiou de 2014 a 2018, exceto a ministra da Justiça, Administração Pública e Direitos Humanos, Ilza Amado Vaz, que volta a ocupar o cargo.
"As pessoas têm que se habituar à renovação, nós somos 200 mil, acredito que há muitos talentos, é preciso renovar e quando existe alternância, não é alternância entre os mesmos", salientou.
O primeiro-ministro sublinhou que "é preciso renovar" e "dar oportunidade", mas assegurou que pessoas que não figuram hoje no Governo "serão chamadas a exercer outras responsabilidades sempre em benefício dos são-tomenses" porque tiveram e continuam a ter a sua confiança.
Trovoada foi nomeado primeiro-ministro na sexta-feira e pediu "concentração máxima" ao seu Governo e aos agentes públicos para resolver vários problemas, da economia à saúde, depois de denunciar a "decadência" do país.
"Temos de trabalhar muito para quebrar este ciclo em que a ganância de uns e o amadorismo de outros colocaram o país", referiu o líder da ADI, que venceu as legislativas de 25 de setembro com maioria absoluta (30 deputados de um total de 55 na Assembleia Nacional).
JYAF (JH) // JH
Lusa/Fim
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