"Não há possibilidade de este presidente [Mulino] discutir algo que procure repensar a realidade jurídico-política do Canal do Panamá sob controlo panamiano. Se a intenção é falar, não há nada a dizer", garantiu o chefe de Estado do país da América Central, durante uma conferência de imprensa.
"O canal pertence aos panamianos, pelo que não há possibilidade de iniciar qualquer tipo de conversa sobre uma realidade que custou ao país lágrimas, suor e sangue", acrescentou.
O Canal do Panamá, passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico, foi construído pelos Estados Unidos e inaugurado em 1914, ficou sob controlo panamiano em 31 de dezembro de 1999, ao abrigo de tratados assinados em 1977 pelo então presidente dos EUA, Jimmy Carter, e pelo líder nacionalista panamiano, Omar Torrijos.
Donald Trump ameaçou no sábado recuperar o controlo da rota interoceânica de 80 quilómetros se o preço das tarifas para os navios norte-americanos não for reduzido.
"No canal as tarifas não são fixadas por capricho do presidente ou do gestor" do canal, "existe um processo estabelecido para a fixação dos preços das portagens do canal que tem sido respeitado desde o primeiro dia até hoje, é um processo público e processo aberto", destacou ainda Mulino.
O presidente eleito norte-americano, que toma posse em 20 de janeiro, acusou ainda a China de estar por trás das operações do canal, embora operado pela Autoridade do Canal do Panamá (ACP), um organismo público e autónomo panamiano.
"Não há absolutamente nenhuma interferência ou participação chinesa em nada relacionado com o Canal do Panamá (...), não há soldados chineses no canal, por amor de Deus", frisou Mulino.
"Estes podem ser receios geopolíticos que podem ter alguma validade do seu ponto de vista, mas, no que diz respeito ao Panamá, isso não é absolutamente verdade", acrescentou.
Na segunda-feira, a China assegurou que o Canal do Panamá "é uma grande criação do povo" do Panamá e disse que "sempre respeitou a justa luta do povo panamiano pela soberania" sobre esta via.
Também o Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, garantiu que "até às últimas consequências" estará "ao lado do Panamá e na defesa da sua soberania", e criticou os "erros e contradições" de Trump.
DMC (EJ/JPI) // MAG
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