“Espero que finalmente se consiga, pelo menos, ter em cima da mesa uma proposta sobre a qual valha a pena começar a falar e vamos tentar também pôr em cima da mesa uma série de outras questões que também é preciso discutir”, afirmou Henrique Reguengo.

Realçou, contudo, que a tabela remuneratória dos farmacêuticos é o “ponto fulcral” da discussão com a equipa ministerial.

Henrique Reguengo sublinhou que a tabela remuneratória dos farmacêuticos permanece inalterada desde 1999, enquanto ao longo de 25 anos todas as outras tabelas remuneratórias das carreiras revistas da saúde foram atualizadas.

“Sem essa revisão, tudo o resto se torna despiciendo, porque não há qualquer fator da atratividade para os farmacêuticos virem para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e isso já se está a refletir e vai-se refletir cada vez com mais gravidade no SNS”, alertou o sindicalista, esperando que hoje se inicie “um processo que tenha um bom termo”.

Questionado sobre qual o aumento salarial proposto pelo sindicato, Henrique Reguengo disse que se baseou no que acontece em Espanha, em França, em Marrocos, onde “a progressão farmacêutica tem o mesmo nível de diferenciação académica e profissional que a carreira médica e o mesmo tipo de vencimento”.

Mas os farmacêuticos estão abertos a contrapropostas, “o problema é que nem contraproposta houve até agora”, lamentou.

Segundo o líder sindical, as reuniões com o Ministério da Saúde têm sido sucessivamente desmarcadas, tendo a última ronda negocial decorrido em setembro.

A reunião seguinte tinha sido marcada para 2 de outubro e, como foi desmarcada sem nova data, os farmacêuticos convocaram uma greve entre 22 e 24 de outubro, com uma adesão que rondou os 90%.

Depois desta paralisação, foi agendada nova reunião para 27 de novembro, que foi novamente adiada para 12 de dezembro, altura em que a tutela adiou mais uma vez o encontro, passando-o para dia de hoje.

Para Henrique Reguengo, esta postura da tutela “é incompreensível, é injustificável e só comprova que continua a haver um grande nível de desconhecimento na classe política sobre o papel que os farmacêuticos desempenham, neste caso, no caso no Serviço Nacional de Saúde”.

Os farmacêuticos exigem urgência na finalização deste processo negocial, sublinhando a necessidade de uma proposta de grelha remuneratória que “reconheça plenamente as responsabilidades e a complexidade das funções” exercidas pelos farmacêuticos do Serviço Nacional de Saúde e apelam “a um compromisso e à boa-fé” dos ministérios da Saúde e das Finanças.

O sindicato refere que os farmacêuticos “enfrentam condições de trabalho degradantes”, sem qualquer perspetiva de evolução, o que obriga muitos destes profissionais a abandonar o SNS ou a emigrar.