
As forças russas, que ocupam cerca de 20% do território ucraniano, bombardeiam quase diariamente cidades ucranianas desde fevereiro de 2022 e intensificaram os ataques nas últimas semanas. Em resposta, a Ucrânia também tem realizado ataques aéreos em território russo quase todos os dias.
Pelo menos 10 pessoas morreram no sábado em bombardeamentos russos na Ucrânia, quase uma semana após a segunda ronda de negociações de paz diretas entre russos e ucranianos.
As conversações, que decorreram na segunda-feira em Istambul, estão num impasse e resultaram apenas num acordo para a troca de prisioneiros entre ambos os lados.
O principal negociador russo, Vladimir Medinski, acusou a Ucrânia de ter "adiado inesperadamente a receção dos corpos" dos soldados e a troca de prisioneiros de guerra "para uma data indeterminada".
A Ucrânia contestou as acusações. A Sede de Coordenação para o Tratamento de Prisioneiros de Guerra da Ucrânia afirmou que não tinha sido estabelecida qualquer data concreta para a entrega dos corpos e acusou a Rússia de não estar a cumprir o que foi acordado. A organização denunciou Moscovo por "jogo sujo" e "manipulações".
Kiev e Moscovo concordaram na segunda-feira com a libertação de soldados feridos e doentes, bem como de militares com menos de 25 anos, o que representa mais de mil pessoas de cada lado. A troca anterior, no final de Maio, permitiu a libertação de mil prisioneiros de cada lado.
Bombardeamentos em Kharkiv
As tropas russas têm intensificado os ataques contra a Ucrânia nas últimas semanas. Os bombardeamentos mais recentes ocorreram este sábado e na noite de sexta-feira, após Moscovo prometer vingança pelos ataques ucranianos que destruíram parte da sua frota aérea.
Quatro pessoas morreram em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, segundo as autoridades regionais. Mais de 50 pessoas ficaram feridas.
"Kharkiv sofreu o pior ataque desde o início da guerra total", declarou o presidente da câmara, Igor Terekhov, no Telegram. A cidade, com cerca de 1,4 milhões de habitantes, situa-se a menos de 50 km da fronteira russa.
Três pessoas morreram em Kherson, no sul do país, segundo as autoridades locais. Perto da linha da frente, na região de Donetsk, morreram mais três pessoas.
"A Rússia continua a atacar a população civil", denunciou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Andrii Sibiga, apelando novamente à comunidade internacional para "aumentar a pressão sobre Moscovo e pôr fim aos massacres e à destruição".
A Força Aérea Ucraniana informou que a Rússia lançou 206 drones e nove mísseis contra o país durante a noite.
O Ministério da Defesa russo afirmou ter destruído 36 drones ucranianos durante a noite de sexta-feira, principalmente nas regiões de Moscovo, Kursk e Smolensk.
Resposta de Putin
Na semana passada, o presidente russo, Vladimir Putin, prometeu que Moscovo responderia ao ousado ataque de drones ucranianos que destruiu vários aviões militares com capacidade nuclear.
Durante a segunda ronda de negociações entre a Ucrânia e a Rússia, no início da semana, a delegação russa apresentou várias exigências a Kiev, incluindo a retirada das suas forças de quatro regiões cuja anexação Moscovo reivindica, bem como o abandono do processo de adesão à NATO.
Zelensky respondeu que essas condições eram "ultimatos" inaceitáveis e voltou a apelar a novas sanções contra Moscovo. "A pressão forçou a Rússia a sentar-se à mesa das negociações, e pode forçá-la a ser realista."
Durante uma visita a França, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, propôs este sábado que a ONU crie um grupo de "países não envolvidos na guerra" para mediar as negociações entre a Rússia e a Ucrânia, com vista a alcançar um acordo "realista".
Desde o início da invasão russa, em 2022, dezenas de milhares de pessoas morreram, vastas áreas do leste e sul da Ucrânia foram destruídas e milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas.
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