Milhares de pessoas manifestaram-se este sábado em Telavive para exigir a libertação dos reféns detidos na Faixa de Gaza e um cessar-fogo no território palestiniano, após 20 meses de conflito entre Israel e o movimento islamita Hamas. Pelo mundo, são várias as manifestações que exigem o fim dos bombardeamentos.

De um lado, a saudade e indignação

Em Telavive, a multidão escolhe os reféns e o fim da guerra: “Já não aguento mais este pesadelo. O anjo da morte, Benjamin Netanyahu, continua a sacrificar reféns. Usa o Exército de Israel não para proteger a segurança do país, mas para prolongar a guerra e proteger o seu governo. É uma vergonha”, declarou Einav Zangkauer à AFP.

O encontro concentrou-se na chamada “praça dos reféns”, onde a mãe de Matan Zangkauer, um dos reféns, expressou a sua indignação após o Hamas divulgar uma fotografia do filho acompanhada da mensagem: “Não voltará vivo”.

“O povo escolhe os reféns! Só um acordo global para o regresso dos nossos entes queridos trará uma verdadeira vitória!”, gritavam os manifestantes, segundo o Fórum das Famílias, a principal organização de familiares dos reféns capturados pelo Hamas no ataque a Israel a 7 de outubro de 2023.

“Não enviem mais soldados para arriscar a vida deles a fim de trazerem os nossos pais de volta. Tragam-nos de volta através de um acordo. Parem a guerra!”, apelou Noam Katz, filha de Lior Rudaeff, refém declarado morto, mas cujo corpo continua na Faixa de Gaza.

Do outro, a morte arbitrária

A agência de defesa civil de Gaza afirmou este sábado que as forças israelitas mataram pelo menos 36 palestinianos, seis dos quais num tiroteio perto de um centro de distribuição de ajuda apoiado pelos Estados Unidos. O exército israelita disse à AFP que os soldados dispararam “tiros de aviso” contra indivíduos que, segundo afirmam, “avançavam de forma a colocar as tropas em perigo”.

As mortes ocorreram perto do centro de ajuda gerido pelo Fundo Humanitário de Gaza (GHF), no distrito sul de Rafah, que retomara recentemente as distribuições após uma breve suspensão na sequência de incidentes semelhantes no início da semana.

O GHF, uma iniciativa privada com financiamento pouco transparente, iniciou operações no final de maio, após Israel aliviar parcialmente um bloqueio humanitário que durava há mais de dois meses.

Agências da ONU e grandes organizações humanitárias recusaram colaborar com o GHF, alegando preocupações de que a iniciativa sirva objetivos militares israelitas.

A AFP não conseguiu verificar de forma independente os números avançados pela defesa civil nem as circunstâncias das mortes reportadas. Samir Abu Hadid, presente no local na manhã de sábado, contou à AFP que milhares de pessoas se encontravam junto à rotunda.

O porta-voz da defesa civil, Mahmud Bassal, confirmou que, por volta das 7 horas da manhã, “seis pessoas foram mortas e várias outras ficaram feridas pelas forças da ocupação israelita”.

“Assim que algumas pessoas tentaram avançar em direção ao centro de ajuda, as forças da ocupação israelita abriram fogo a partir de veículos blindados posicionados perto do centro, disparando primeiro para o ar e depois sobre civis”, relatou Abu Hadid.

Entretanto, um barco com 12 ativistas a bordo, incluindo a ativista climática sueca Greta Thunberg, aproximava-se de Gaza numa tentativa de chamar a atenção para o genocídio em Gaza.

Este sábado, o ministério da Saúde em Gaza, controlado pelo Hamas, indicou que o número total de mortos na guerra ascende a 54.772, a maioria civis — números considerados fiáveis pelas Nações Unidas.

As negociações para um cessar-fogo, mediadas pelo Egito, Catar e Estados Unidos, permanecem num impasse.