A audição acabou por ser dominada pelo momento em que o deputado Filipe Melo, do Chega, que é contra a iniciativa, interrompeu a intervenção da deputada Marisa Matias, do Bloco de Esquerda (BE), favorável à iniciativa, que estava a falar dos horários das mulheres nas superfícies comerciais quando ouviu Filipe Melo dizer-lhe: "não tem filhos sequer".

As palavras do deputado do Chega foram perfeitamente audíveis para os presentes na sala, embora não tenha falado ao microfone.

Filipe Melo tinha já interrompido anteriormente Marisa Matias, tendo a deputada bloquista pedido para não que não o fizesse e acusado Filipe Melo de ser mal educado, isto com o microfone ligado.

O deputado do Chega tinha também referido novamente nesta audição a polémica com os despedimentos de trabalhadoras do BE que eram mães de filhos pequenos e ainda amamentavam.

No final da audição, Marisa Matias fez uma interpelação à mesa para pedir que ficasse registado em ata que o deputado Filipe Melo a tinha acusado de não ter legitimidade para falar dos horários das mulheres nas superfícies comerciais por não ter filhos.

O presidente da comissão, o deputado Miguel Santos (PSD), lembrou que o que fica registado é apenas o que é dito ao microfone, uma vez que, ao contrário do que acontece no plenário, nas comissões os apartes não são registados pelos funcionários do parlamento.

No final dos trabalhos de hoje da comissão de Economia, Filipe Melo, que se tinha ausentado durante o pedido feito por Marisa Matias, invocou a defesa da honra e argumentou que ele é que tinha sido insultado.

A Iniciativa Legislativa dos trabalhadores do comércio "Pelo Encerramento do Comércio aos Domingos e Feriados e Pela Redução do Período de Funcionamento até às 22h" vai ser votada em breve na Assembleia da República e, para o efeito, a comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas e Habitação, ouviu hoje os seus promotores.

MPE // JNM

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