
Após o debate da moção de censura ao Governo apresentada pelo PCP, a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, acusou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, de não ter querido “prestar mais esclarecimentos” e, perante o pedido do PS para uma comissão parlamentar de inquérito, ter preferido “fugir ao escrutínio” com a apresentação de uma moção de confiança.
“A crise política instalada é da exclusiva responsabilidade do Governo e do primeiro-ministro”, considerou, acusando Montenegro de ter lançado o país numa situação de crise.
Alexandra Leitão referiu que o sentido de voto do PS na moção de confiança já tinha sido anunciado pelo líder socialista, Pedro Nuno Santos, considerando que os socialistas não podem “aprovar o voto de confiança”.
De acordo com a líder parlamentar do PS, das declarações do Marcelo Rebelo de Sousa pode deduzir-se que “o Governo não tinha informado o Presidente da República que ia anunciar uma moção de confiança”.
Sobre a frase durante o debate, deixado por Luís Montenegro, de que às vezes tem mais o que fazer do que “estar a responder diariamente” aos deputados, a líder parlamentar do PS considerou que esta é “uma tirada bastante infeliz”.
Para a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, o assunto que originou a atual crise política, a polémica em torno da empresa familiar de Luís Montenegro, "vai-se arrastar" até à campanha eleitoral.
“O primeiro-ministro pode achar que ir a eleições é uma forma de fugir às explicações que tem que dar, mas este assunto vai-se arrastar. (…) O primeiro-ministro está ferido de legitimidade e essa ferida vale agora e na campanha eleitoral”, considerou.
Mariana Mortágua disse ainda que os bloquistas estão “confortáveis” com um cenário de eleições, por considerarem que se trata de “uma oportunidade de mostrar que as soluções da direita e do PSD não funcionam”.
Pelo Livre, o porta-voz Rui Tavares acusou o primeiro-ministro de estar a “condicionar as formas de resolução da crise política”, ao não se demitir, e forçando a dissolução da Assembleia da República ao apresentar uma moção de confiança que tem chumbo anunciado.
“Luís Montenegro, numa fase em que o mundo está a viver uma enorme instabilidade, numa fase em que a Europa tem que tomar decisões essenciais para o seu futuro, numa fase em que Portugal tem primado pela ausência de todos esses grandes debates, o que tem a oferecer é incerteza até às eleições, e instabilidade depois disso”, criticou.
A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, defendeu que, caso a moção de confiança hoje anunciada pelo Governo seja rejeitada, o “caminho passa pela realização de eleições”, sem manifestar preferência por qualquer data.
As eleições permitirão “que os trabalhadores e o povo possam fazer a opção por uma política alternativa, que combata esta promiscuidade entre público e privado”, disse.
Pelo PAN, a porta-voz Inês Sousa Real, defendeu que Montenegro “claramente preferiu apresentar uma moção de confiança” ao invés de se submeter “ao escrutínio para com o país e parlamento” e considerou que “salvo pontuais exceções, há muito ainda por esclarecer”.
Lamentando que o presidente do PSD “tenha preferido salvaguardar os seus interesses pessoais”, Sousa Real alertou que os portugueses estão “cansados de sucessivos ciclos eleitorais”.
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