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Resumo dos capítulos anteriores: 19 de Julho escrevi sobre o estranho facto do comportamento do “financeiro” pedófilo Jeffrey Epstein ter passado despercebido ou desvalorizado durante décadas, até que apareceu “suicidado” numa prisão em Nova Iorque e de repente algumas das suas ligações com gente muito importante, como Donald Trump e o Príncipe Andrew de Windsor entraram nos mexericos mundiais. Julgava eu que o caso, por muito chocante que fosse, estava encerrado com a condenação a 20 anos de prisão da compére de Espstein, Ghislaine Maxwell. Mas logo na semana seguinte, novos desenvolvimentos, nova bomba: a Ministra da Justiça de Trump, Pam Bondi, afirmou num comité do Congresso que não havia no seu ministério nenhum “Dossier Epstein” e que ele de fato tinha-se suicidado.

Este foi mais um daqueles gestos típicos de Trump e da sua equipa: quando surge um problema, têm sempre maneira de o aumentar e tornar pior para eles. Acho que Trump deve conhecer aquele provérbio português “Quanto pior, melhor!”, uma vez que era inevitável que houvesse um arquivo, ou vários, no MJ, e no FBI sobre um homem que estava a ser investigado por múltiplas acusações de violar e partilhar com os amigos meninas apanhadas a jeito por Maxwell.

Pam Bondi vir agora dizer que não havia foi mais ou menos o equivalente, aqui em Portugal, da Ministra da Justiça dizer que “não há nenhum arquivo Sócrates”.

Toda a gente, do povo ao clero e à nobreza, MAGAS ou democratas, ficaram indignados com aquela ocultação desajeitada do óbvio e, desde então (estávamos em Julho, lembram-se) até há dias, toda a gente opinava - não se havia arquivo, mas porque é que Trump e os seus sincopantes (colaboradores irredutíveis) não queriam que viesse à luz. Enquanto as várias entidades, isto é Bondi, Patel insistiam que não havia nada, ou que havia, mas não estava coordenado para ser publicado, os eleitores
republicanos achavam que era para esconder os nomes de democratas que estariam na lista dos amigalhaços de Trump, enquanto os democratas tinham a certeza de que Trump constava.

Repito aqui o comentário de Trump, com um pé na escada do seu helicóptero: “Há um ano o nosso País estava morto e agora é o mais apreciado no Mundo inteiro. Vamos continuar assim e não percamos Tempo e Energia com Jeffrey Epstein, uma pessoa que não interessa a ninguém”.

Ou seja, não falemos de figos porque agora é a época das maçãs. Na manhã do dia 13 desta semana, o Presidente dos Sincopantes, perdão, Mike Johnson, abriu pela primeira vez o Senado para uma rotina que ia ser tudo menos rotineira. É que, segundo a opinião de muitos (inclusive este vosso cronista) os 90 dias de “lockdown” que causaram estragos ainda por medir, destinavam-se a atrasar o juramento da congressista Adelita Grijalva, do Arizona. Porquê, tanta importância para uma hispana vinda de trás do sol posto? Muito simples, só faltava a assinatura dela na petição para abrir os Arquivos Epstein “inexistentes”. Portanto, muito mau para o Rei. Mas o dia não se ficou por aí; de tarde os democratas da Comissão formada para verificar o caso publicaram uma série de emails altamente comprometedores para Donald. Tão comprometedores que justificaram fechar o Parlamento dos Estados Unidos 90 dias!

Alguns dos emails são de 2011 (relembro: Epstein foi-se a 10 de Outubro de 2019). Num deles, Epstein escreve a Maxwell que Trump “é um cão que não ladrou” acrescentando que ele tinha passado horas em casa de Espstein com uma das vítimas e “sabia das miúdas”Noutro email Epstein diz “Eu sei o porco que o Donald é.” Tudo isto numa altura em que Trump ainda não era
uma figura nacional.

Quando estas revelações surgiram, Trump passou o dia a pedir aos representantes MAGA Lauren Boebert e Nancy Mace para tirar os nomes da petição. A seguir chamou algumas figuras de topo, incluindo a ex-procuradora federal Pam Bondi, o congressista Todd Blanche e o diretor do FBI, Kash Patel, para uma reunião de emergência no “Situation Room”, aquela sala à prova de tudo que é usada para emergências nacionais. E Trump voltou a falar com Lauren Boebert para retirar a assinatura, mas ela recusou.

Como diz Ben Meiselas no seu post no Substack Meidastoutch: “Quando as pessoas se comportam desta maneira, só esporadicamente estão isentas de culpa. Sejamos honestos por um momento; se os arquivos realmente exonerassem Donald Trump e incriminassem uma data de democratas, Trump seria o primeiro a publicá-los. Em vez disso, ele está a colocar o peso de todo o seu governo numa das mais gritantes tentativas de abafamento da História da América.” Mesmo tirando o pomposo das afirmações de Meiselas, temos aqui a opinião do Congressista da Califórnia, Robert Garcia: “a liderança MAGA tem lutado contra a transparência em tudo e mais alguma coisa, bloqueando deposições judiciais, não respondendo a pedidos de documentação e recusando os pedidos de depoimento ao Ministério da Justiça. Na minha opinião, Mike Johnson e os representantes republicanos são cúmplices, deste abafanço (coverup)”.

É desta que Trump se desgraça? Duvido, mas não tenho a certeza. É verdade que, como ele disse, pode matar a tiro uma pessoa no meio da rua, que nada lhe acontece. Mas desvio de menores é um dos poucos crimes que é muito mal aceite tanto à esquerda como à direita. A última fronteira da moralidade, digamos assim.

Novos capítulos se seguirão. Esta semana ia falar da bolha que se está a formar no mercado financeiro mundial, mas as explicações são chatas e as pessoas tendem a desvalorizar expectativas preocupantes. Agora um bom mexerico, não há quem não perceba e todos gostam de saber!

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