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A Grécia prepara-se para colocar a inteligência artificial no centro do seu sistema educativo, iniciando esta semana um programa-piloto que formará professores do ensino secundário no uso de ferramentas de IA, nomeadamente uma versão especializada do ChatGPT concebida para instituições académicas, diz o The Guardian.
O acordo entre o governo de centro-direita e a OpenAI prevê que docentes de 20 escolas recebam formação intensiva, marcando o início de uma estratégia nacional que pretende transformar a Grécia num dos primeiros países a integrar a IA generativa na sala de aula.
A partir de janeiro, o programa será alargado a nível nacional. Os primeiros workshops centram-se em capacitar professores para utilizarem o novo sistema de apoio ao planeamento de aulas, à investigação e ao acompanhamento individualizado dos alunos. A integração gradual do ChatGPT Edu nas escolas está prevista para a primavera, altura em que os estudantes mais velhos do secundário poderão começar a usar a ferramenta, embora com acesso rigorosamente monitorizado.
A aposta coloca a Grécia a seguir os passos da Estónia, reconhecida pioneira na digitalização das políticas públicas. O primeiro-ministro, Kyriakos Mitsotakis, que ambiciona fazer do país um pólo tecnológico e já acolhe em Atenas uma das primeiras “fábricas” de IA da Europa, tem alertado para o risco de “profunda agitação social” caso os benefícios da revolução tecnológica se limitem a favorecer as grandes empresas. Ainda assim, o seu governo tem sido dos mais rápidos a delinear uma estratégia nacional para preparar a sociedade para o impacto da IA.
Nas escolas, onde muitos alunos utilizam aplicações como o ChatGPT de forma espontânea, a lógica adoptada pelo executivo tem sido pragmática: “se não consegues vencer o bot, faz-te amigo do bot”. Mas a receptividade não é unânime. Entre os próprios estudantes, sobretudo num sistema de ensino fortemente centrado nos exames, cresce o receio de que a IA possa “ultrapassar e controlar” quem já vive sob intensa pressão escolar.
Da parte da OpenAI, Chris Lehane, responsável pelos assuntos globais, descreve a iniciativa como “um novo capítulo educativo” para a Grécia, assegurando que o acordo inclui a supervisão das melhores práticas de utilização segura e eficaz da IA em contexto escolar.
Ainda assim, os cepticismos abundam. Na federação de professores do ensino secundário, Olme, o tema dominou o congresso mais recente. Dimitris Aktypis, dirigente da organização, reconhece que muitos docentes receiam que a tecnologia possa abrir caminho para “aulas sem professores”.
A preocupação estende-se ao impacto no uso excessivo de ecrãs, num país prestes a tornar-se o primeiro da Europa a bloquear o acesso das crianças abaixo dos 15 anos às redes sociais.
Até agora, a IA era utilizada apenas em escolas privadas, como o reputado Athens College. O seu presidente, Alexis Phylactopoulos, apoia a expansão da tecnologia, desde que salvaguardados o pensamento crítico e a criatividade: “Não há respostas fáceis. A IA deve ser usada como ferramenta, mas com muitos travões.”
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